Maria da Paz Ribeiro Dantas
Eduardo Jorge
poemas:
A árvore no sonho
Dentro dele as coisas que entram pelo olho misturam-se às coisas amorfas.
Sua mãe vem em sua direção e nunca acaba de chegar.
Retira da árvore um filhote gordo, branco, contempla-o em sua desgraça de pássaro,
depois volta-o as ramas rendadas de escamas.
Sua mãe vem em sua direção e nunca acaba de chegar. Ela tem dois rostos e se debate.
Entre as ramas uma cobra se move lentamente, como ferrugem, como olhos carcomidos.
Sai de sua boca um navio, todos os mastros quebrados.
sobre o país o monstro
a Maria da Paz Ribeiro Dantas
— devorados
erguemos
com escoras
a pele em declives —
uma linha passou por nós,
obliqua
então surgimos do outro lado sem geometria, sem flor, sem espelho
Era uma vez num país de árvores dois heróis
O primeiro nãonascido da flornão, de um O cuspido; malicioso, mulherengo, meio
mau-caráter etc, etc. Todos conhecem sua história. O segundo de uma idade
física nascido, habilíssimo, adorado pelo povo polvo... Ora, vejam, um trocadilho,
essa forma rudimentar de humor ainda tão cara a nós povo povo; mas não se
distraiam com essa rameira que pisca e ri para vocês, a ironia — ah, a ironia,
a ironia, a ironia, dizem que ando doente de ironia, que corrompo pessoas com meu
dom — mas não se distraiam também com isso, vão trocar nossos heróis
e não será por um herói ideal qual o grande Boon, idiota o bastante para enfrentar
um urso com uma faca. Não, não precisam confiar em mim, aliás é bom que não
confiem mesmo, olhem por entre essas letras e vislumbrem — eis que surge o
bólido veloz.
Nota biobibliográfica: Francisco dos Santos nasceu em 1967 no Matogrosso do Sul. Autor dos livros: M, 1991/2001; Solilóquio, 1997/2002; A reinvenção do mesmo, 2002/2003 (trê livros de poemas reunidos com cinco fragmentos de Prosa de O Grande Cineasta no livro Francisco de Todos-os-Santos, Lumme Editor, 2003); A imagem recorrente, 2003/2004, contos; Topografia de um homem urbano, 1986/2001, desenhos (ed. do autor); O Golpe do Anti-ceifo, 1997/2001, pinturas; Diálogo com Goya, 2000/2002, pinturas; “No american, latins”, 2005, libreto de contos; A árvore no sonho, poesia (em processo). Folha de São Paulo, Jornal do Brasil, DC, O Povo, A Crítica, O Liberal, JC, revistas Monturo, Medusa, Oroboro, Zunái, Etecetera, Gazua, Tsé-Tsé (Argentina), Serta (Madri), Proler (Moçambique), entre outros veículos publicaram trabalhos seus. Editor de títulos como: Presque-songes, de Jean-Joseph Rabearivelo (1a. edição no Brasil); Rio Silêncio, de Antônio Moura; Sunyata, de Víctor Sosa; Shakti, de Reynaldo Jiménez; Antes que chegue a noite, de Juan Luis Panero, (livro ganhador do Prémio Ciudad de Barcelona); Contra o segredo profissional, de César Vallejo; Bocage, Corpo de Delicto; Contos africanos tradicionais; Folclore Brasileiro; Budissatva de Jade, conto da Dinastia Sung etc. Trabalha atualmente na preparação de dois fac-símiles de Camões: primeira edição de Os Lusíadas, 1572, e códice apenso ao volume das Rhythmas, 1595.
poemas:
A árvore no sonho
Dentro dele as coisas que entram pelo olho misturam-se às coisas amorfas.
Sua mãe vem em sua direção e nunca acaba de chegar.
Retira da árvore um filhote gordo, branco, contempla-o em sua desgraça de pássaro,
depois volta-o as ramas rendadas de escamas.
Sua mãe vem em sua direção e nunca acaba de chegar. Ela tem dois rostos e se debate.
Entre as ramas uma cobra se move lentamente, como ferrugem, como olhos carcomidos.
Sai de sua boca um navio, todos os mastros quebrados.
sobre o país o monstro
a Maria da Paz Ribeiro Dantas
— devorados
erguemos
com escoras
a pele em declives —
uma linha passou por nós,
obliqua
então surgimos do outro lado sem geometria, sem flor, sem espelho
Era uma vez num país de árvores dois heróis
O primeiro nãonascido da flornão, de um O cuspido; malicioso, mulherengo, meio
mau-caráter etc, etc. Todos conhecem sua história. O segundo de uma idade
física nascido, habilíssimo, adorado pelo povo polvo... Ora, vejam, um trocadilho,
essa forma rudimentar de humor ainda tão cara a nós povo povo; mas não se
distraiam com essa rameira que pisca e ri para vocês, a ironia — ah, a ironia,
a ironia, a ironia, dizem que ando doente de ironia, que corrompo pessoas com meu
dom — mas não se distraiam também com isso, vão trocar nossos heróis
e não será por um herói ideal qual o grande Boon, idiota o bastante para enfrentar
um urso com uma faca. Não, não precisam confiar em mim, aliás é bom que não
confiem mesmo, olhem por entre essas letras e vislumbrem — eis que surge o
bólido veloz.
Nota biobibliográfica: Francisco dos Santos nasceu em 1967 no Matogrosso do Sul. Autor dos livros: M, 1991/2001; Solilóquio, 1997/2002; A reinvenção do mesmo, 2002/2003 (trê livros de poemas reunidos com cinco fragmentos de Prosa de O Grande Cineasta no livro Francisco de Todos-os-Santos, Lumme Editor, 2003); A imagem recorrente, 2003/2004, contos; Topografia de um homem urbano, 1986/2001, desenhos (ed. do autor); O Golpe do Anti-ceifo, 1997/2001, pinturas; Diálogo com Goya, 2000/2002, pinturas; “No american, latins”, 2005, libreto de contos; A árvore no sonho, poesia (em processo). Folha de São Paulo, Jornal do Brasil, DC, O Povo, A Crítica, O Liberal, JC, revistas Monturo, Medusa, Oroboro, Zunái, Etecetera, Gazua, Tsé-Tsé (Argentina), Serta (Madri), Proler (Moçambique), entre outros veículos publicaram trabalhos seus. Editor de títulos como: Presque-songes, de Jean-Joseph Rabearivelo (1a. edição no Brasil); Rio Silêncio, de Antônio Moura; Sunyata, de Víctor Sosa; Shakti, de Reynaldo Jiménez; Antes que chegue a noite, de Juan Luis Panero, (livro ganhador do Prémio Ciudad de Barcelona); Contra o segredo profissional, de César Vallejo; Bocage, Corpo de Delicto; Contos africanos tradicionais; Folclore Brasileiro; Budissatva de Jade, conto da Dinastia Sung etc. Trabalha atualmente na preparação de dois fac-símiles de Camões: primeira edição de Os Lusíadas, 1572, e códice apenso ao volume das Rhythmas, 1595.
poética: para mim a coisa toda se move junto com o poema, mudando uma linha o desenho dela.
me agrada a possibilidade de deslocar uma arquitetura possível.
me agrada a possibilidade de deslocar uma arquitetura possível.
2 comments:
rsssss
eduardo jorge
surgimos do outro lado sem geometria, sem flor, sem espelho e com qualquer arquitetura.
vice.
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