Tuesday, August 11, 2009

LEONARDO MARONA








Menciona:

Beatriz Sayad
Ismar Tirelli Neto
Julia Debasse

Julia Mendes
Lucas Viriato



POEMAS



(do livro pequenas biografias não-autorizadas, 7Letras, 2009)


“vinte e seis”
um dia, inevitavelmente, aconteceria.
o antigo poeta das linhas apócrifas
sobre fantasmas internos e naufrágios,
o infante terrível, o descabelado, o vil
sem regras daria lugar ao homem grave,
à besta milenar – homem sem pernas,
meio doce meio amargo meio homem,
a boca sem fim inclinada para baixo,
as leituras eslavas, a sutura do ódio
que prolifera para dentro em pústulas
e adquire a petulância de um mar parado.



“ana c.”

a poesia,
se persiste,
quando cisma,
(instinto?)
é um passo
na direção
do abismo,
(infinito?)
ou então são
dois passos
e um colapso
(suicídio?)
nos casos
de poesia
mais rara,
(primitiva?)
ou então coice,
patada de pena.
porque as asas
(comprimidos?)
estão na cabeça
e não nas pedras
portuguesas.



“clint eastwood”

importante esperar pelo último minuto,
pela dor inexplicável que nos fará jus
à cruz que carregamos, invisível ferro,
que gela nas artérias e antecipa o tiro.

importante esperar pelo momento vazio
em que a dor trespassa então por pouco
e já não é mais dor, é tensão do mundo
– enxergar sem rédeas o terreno aberto.

não se colocar entre este e aquele século.
seguir sem nome (pois o nome na pele)
então engolir os séculos, regurgitar mais.

para remexer o caldo fundo sob a terra
aparentemente árida, de cerne difícil,
e só então cuspir o sumo – dar o tiro.



BIO/BIBLIOGRAFIA:


Apesar de ter apenas um metro e setenta, Leonardo Marona nasceu de cesária, com quatro quilos e oitocentos gramas, no bairro Menino Deus, em Porto Alegre. Publicou recentemente o livro “pequenas biografias não-autorizadas” (poesia, 86 págs., 7Letras, 2009) e tem escritos outros dois livros de contos: Os ossos debaixo dos campos verdes, 212 págs., 2004; Maldito Orquidário, 90 págs., 2008 –ainda não publicados. Tem textos publicados nos sites Bestiário (
www.bestiario.com.br); Escritoras Suicidas (www.escritorassuicidas.com.br, sob pseudônimo), Crônica do Dia (www.crondia.blogspot.com) e no literário Jornal Plástico Bolha (www.jornalplasticobolha.com.br), feito pelo Depto. de Letras da Puc-Rio, além do Jornal Vaia (www.jornalvaia.com.br), periódico literário de Porto Alegre.
Blog:
ASA NISI MASA (www.omarona.blogpot.com).
E-mail: leomarona@gmail.com



POÉTICA


“Aos olhos dos outros, um homem é poeta se tiver escrito um bom poema. Aos próprios olhos, ele é poeta apenas no momento em que faz a última revisão num novo poema. No momento anterior, era apenas um poeta em potencial; no momento seguinte, é um homem que parou de escrever poesia, talvez para sempre.” (W. H. Auden)

Wednesday, July 08, 2009

ROBERTA FERRAZ










Mencionada por:Ricardo Pinto de Souza
Menciona:

Virgínia Boechat
Danilo BuenoGabriel Kolyniak
Erica Zingano
Marcelo Oliveira
Renata Huber





CANTE GITANO

À Maria Lucia Dal Farra
À Lilian Jacoto
À Juçara Correa
À Estrella Morente




ROMA

estela cerco pós de areia
olhos barbados que não escolhem
escorrem caminhos, desfeitos
goela ao vento encontram a ida
que toda já não passa
de retorno
à estela ao cerco pós de areia

entremeio passo e golpe
o mato nu come a carne do plexo
e o sexo faz tranças no ouro
das gengivas dedilhadas porque amamos
a busca de não-estar

chegar adormecido ao início
já que o curvar-se é todo não
deixar de matar o que encurva
ganhar mão para tocar-te
cerca viva de jornada
só a isso e ao que endura

o fogo de não-estar
lenha graxa de não-haver
tórpida dança de não-ir

nostálgicos do não-
lugar






FLAMENCO

Sulcar o caudaloso de um rio
até o encontro com a haste dos cabelos
que é a dança

Eu enfaixaria teus sonhos num damasco
tendo no ombro o lusco-fusco de um cristal
ardendo abrir-te à coloração negra
e ensaiar o espaço
entre meu corpo e a lunação

Rugas olhos pesados palmas
bater no meio de uma tarde o calcanhar
vertebral apetite de quem é vivo

As mulheres estão todas fortes
em seus laços florescidos de escuro
Minha manhã é um caminhão encostado
nas águas, bordoada de vento
com chapéus e garrafas

Sobre o vau de um tempo estanque
homens como sons duelam
a viagem de meu nome
Como um tálamo de vinho
corrói e acalanta






SENDEIRO

é então onde renovo a tua pele
Os escorbutos e o gengibre selam os modos
- dupla concavidade do real –
princípios sonoros da aragem

O rouxinol desce ao teu berço sonolento
pondo na porosidade, amor, gotículas de sal
e vocálicas, como primeiro órgão
do rocio. Esta colcha envelhecida de currais,
leite, e moscas, do canavial

Isto tudo se despede, abre a cartilagem
Dissolve-se no choque-elétrico da noite
que ao chegar à realeza
este onde, nos apresentamos

Não seremos dos lugares. Isso nos respira.
O só é mata-burros, os animais têm
asas, e tu pegas o carvão das foices
batendo para que eu avance e molhe
o ato num desenho ritmado

é então a pele, silvestre, onde se experimenta
a guitarra do onde
sanguíneos, amamos





BIO/BIBLIOGRAFIA



Nasci em São Paulo, em 14 de novembro de 1980. Vivi os primeiros dezoito anos no interior, mexendo com cavalos, bichos, ruas vazias. Após, retornei à capital, estudei Letras na PUC-SP e História na USP. Publiquei em 2003 meu primeiro livro, de contos, Desfiladeiro. Fiz o mestrado, na USP, em literatura portuguesa, em que estudei a tradição mítica portuguesa e sua relação com a literatura do século XX, principalmente aquela publicada nos periódicos dialogantes d’ ‘A Águia’ e da ‘Nova Renascença’. Aconteceu em 2008 a premiação, na categoria Texto do Programa Nascente da USP, do meu livro inédito lacrimatórios, enócoas, previsto para publicação em breve, pela Oficina Raquel. Agora, escrevo, e preparo-me para a chegada de Saturno.




POÉTICA


Poética, como coisa solta, dispersa de seus agregados, atônita, recém-nascida, parece-me o que vai cavando corpo com o lento júbilo da destilação. Parece-me conter uma mistura e separação de líquidos, de estados fluídos, de magmas, de represas. Suor torcido, goteiras, algo assim. O elemento líquido aparece com vigor quando penso dedicadamente algo como ‘poética’, essa voz alcoólica que sobe e desce pelo corpo, quem sabe abrindo mais seus poros, seus canais, quem sabe dando mais tino e estranhamento ao percurso (antes e quiçá depois inconsciente) do sangue. Enquanto escrevo isso, hoje, é líquida para mim a coisa como poética.

Thursday, April 09, 2009

MARIANA FERREIRA









Menciona:
Fabrício CarpinejarFlaviana de Freitas
Lucas Pessoa
Luis Gustavo Cardoso
Rita Apoena




POEMAS

À verdade.
Verdade morena
não deita
fácil
com qualquer poema, boca e
desejo. Verdade morena
são nomes, sigilo
datas.
Biografia de
um contexto
loiro que
esvaiu sentimento.
não deita.
acomoda
o
tempo
desacostumado.
Viaja, frui repele.
...
recai
a ardor
de
insolação
a cada
hífen-de-me-decifra
no mais
bemol do
te-quero.
tímido.
Deita.
Mas com
preliminares exigentes
de não somos

narrativa ensaiada.
Desenredo,
Eu e Outro
Lírico,
adjetivos
e sujeito. composto.
Convém.
Cada.
E deita à vontade
à verdade
ao soar onisciente
que exala de
qualquer _mas qualquer_
melanina de pensamento.
tá. Eu te escrevo. Te
inquieto. Experimento.
Faço verbo.
(deita..?)




E.

Só que as árvores e o medo
não estavam nos lugares corretos.
Jovens femininas em tom e timbre sem estudo
falavam nomes, números
e cabelos.
E o rio se desfazia
a verdade sorria
e os pés descalços e mal-cheirosos
demonstravam conforto e imponência
na poltrona ao lado da estrada
Seca.
Era Natal
e o comum exalava intimidade
e ao som de um pasto sem nada
eu voltei.




Se assim permitir.

Há sinceros todo-dia
catequista de boca cheia
(no almoço)
salgado
soluço
toicinho. Criança.
segredo
de...
Cumadre vai embora
levando comida
e
versos.
Prontos como
o enredo da
louça. silêncio.
Despir e sonhar
e aí poesia.
Prado de alegria
com licença ao
mil avô,
constantemente amanhecendo
em linhagens
de palavras
cálidas,
engenho entre
horas.
Interstício
desdobrável
É. Ora sempre.
(e minha licença
termina) assim,

Adélia.

(Este poema foi escrito humildemente à "fogo de Divinópolis", a imprescindível Adélia Prado, a quem tive a oportunidade de conhecer e conversar na manhã de 4 de abril de 2009)




BIO


Agora e mais tarde, Mariana Ferreira como nenhuma outra. Amanhã já não sabe nada. Apenas de novembro de 1985, ballet, violão, graduação (em andamento) em Relações Internacionais, pela UNESP, e depois, há o exagero de alguns anos por aí. Aglutina letras em http://www.maridara.blogspot.com/




POÉTICA

Qualquer coisa como sombra e como você quiser. Pára no entre pessoas e movimentos, sai pra escrever, e volta a ser dia, noite, paredes. E isso é o mais difícil.

Wednesday, March 04, 2009

RICARDO PINTO DE SOUZA










Menciona:

Virgínia Boechat
Roberto Bozzeti
Érica Zíngano
Roberta Ferraz
Marcos Pasche



POEMAS(Do livro Culturas, Oficina Raquel, 2007)


0

uma rosa, sem nome, não seria
rosa sem nome, ou helicóptero
ou ornitorrinco, ou laranja
sem nome não seriam
o peso brando sobre a língua
mas antes, entre
a brincadeira de deus
e a prisão das palavras
aquilo que escapa para antes, no zero
não uma laranja
mas a maçã de Newton
(que não é a gravidade nem Eva)
nem uma rosa
mas a flor de Drummond
(que não é Julieta, nem deus)
assim se salvam
sem sobra ou falta

sua única promessa



A REVELAÇÃO ME ATACA SEM PRESTÍGIO

um anjo, um diabo e um santo
sua conversa me entedia, nenhum
traz solução alguma, reclamam...

continuo andando, mas me seguem
moscas luminosas de três metros
infectando minha sombra de prédicas
e livros vazios, peidos e fel

decido dar um basta, grito com eles
gritam de volta, citam o apocalipse
a danação, a redenção, a ética
enfim, têm cara-de-pau, sim, ficam

hoje dormimos os quatro, a cama
que é grande para mim pareceu uma lata
o anjo ronca, o diabo tem insônia
o santo fala sacanagem e chora

às vezes eu penso em rifá-los
um destes puteiros hardcore
onde seriam comidos até pela uretra
mas, porra, a gente se afeiçoa a fantasmas



SOBRE FRANZ

o que não pode, na pepita dos ossos roídos
ser roído: o que permanece, que alimenta
o ruído do ruído, o que constrói o homem
e seus anjos e demônios e fantasmas
seus esgotos
seus teares





BIO/BIBLIOGRAFIA


Ricardo Pinto de Souza nasceu no Rio de Janeiro, em 1978. É editor da Oficina Raquel (
http://www.oficinaraquel.com/ ), e publicou Culturas (2007, poemas) e Bestiário (2008, pequenas narrativas) pela editora. Também é doutorando em Literatura Comparada pela UFRJ.





POÉTICA


Eu penso muito em termos de fantasmas e demônios, como essas forças que precisam ser amainadas e controladas para que possam te trazer algum prêmio, então, escrever é sempre uma espécie de servidão de passagem. Você faz certas ofertas e sacrifícios a estes fantasmas, Blake, ou Drummond, ou Dante, ou quem seja, ou o que seja, e espera que em troca possa tocar, mesmo que de leve, o mesmo lugar em que eles mergulharam. Obviamente, estes são gênios malignos, com certa frequência você acaba no lugar
errado.

Tuesday, February 03, 2009

GREGORIO DUVIVIER







Mencionado por:
Alice Sant'anna
Menciona:

Alice Sant’Anna
Ismar Tirelli NetoLuiz Coelho
Lucas Viriato
Carlos Andreas
Gabriel Tupinambá



POEMAS



Receita para um dálmata
(ou Soneto branco com bolinhas pretas)

Pegue um papel, ou uma parede, ou algo
que seja quase branco e bem vazio.
Amasse-o até que tome forma
de um animal: focinho, corpo, patas.

Em cada pata ponha muitas unhas
e em sua boca muitos dentes. (Caso
queira, pinte o focinho de qualquer
cor que pareça rosa). Atrás, na bunda,

ponha um fiapo nervoso: será seu
rabo. Pronto. Ou quase: deixe-o lá
fora e espere chover nanquim. Agora

dê grama ao bicho. Se ele rejeitar,
é dálmata. Se comer (e mugir),
é uma vaca que tens. Tente outra vez.

(A Partir de amanhã eu juro que a vida vai ser agora, 7Letras, 2008)



o meio de todas as coisas

entre o fim do começo e o começo
do fim toda coisa tem uma massa
inerte feito ponte pela qual
passamos distraídos – ou não:
os astecas sentiam chegar o exato
momento do meio da vida – o meio
do meio da vida, o momento em que
o que já vivemos é exatamente
igual ao que ainda não vivemos
– e nesse momento preciso o mais
comum dos astecas sentia uma súbita
e inexplicável vontade de tomar um trem
mas como ainda não o tinham inventado
ele acabava por entristecer-se
(daí a tristeza, essa vontade de algo
que ainda não inventaram)

(A Partir de amanhã eu juro que a vida vai ser agora, 7Letras, 2008)



elephant gun
para Isabel Wilker

Te encontro na Moldânia ou na Manóvia
às sete da noite de 2016 na praça
principal de uma cidade excusa
em que as ciganas foram proibidas
de tomar café e os negros pintam a palma
da mão de amarelo e as pousam sobre
a fronte cansada da longa viagem de trem.
(chegaremos a pé cada um de um lado
e você se sentará sobre um banco envolta
em serpentinas e um manto xadrez
e sobre o teu colo eu tombarei como um boi.)

(A Partir de amanhã eu juro que a vida vai ser agora, 7Letras, 2008)




BIO/BIBLIOGRAFIA:


Gregorio Duvivier é ator, poeta, nasceu no dia 11 de Abril de 1986 e mora na Gávea. É formado em Letras pela PUC-Rio, embora nunca tenha ido buscar o diploma. Seu primeiro livro, “A partir de amanhã eu juro que a vida vai ser agora” foi publicado pela 7Letras. Era para ser um livro póstumo, mas para isso era necessário que ele morresse. Como Gregório tem pavor de gilette e de grandes alturas, seu próximo livro só será póstumo se deus quiser e contribuir com um acidente de carro ou uma pneumonia.




POÉTICA


Sobre construir janelas
(para Paulo Henriques Britto)

Erguer antes de tudo uma parede –
a parede no caso é importantíssima,
pois as janelas só existem sobre
paredes, as janelas sobre nada

são também nada e não são sequer vistas.
Em seguida quebrá-la até fazer
nela um grande buraco, não maior
que a parede, pois precisamos vê-la,

nem menor que seus braços – as janelas
sobre as quais não se pode debruçar
não são janelas, são buracos. Pronto.

Ou quase: agora basta construir
um mundo do outro lado da parede,
para que possas vê-lo, emoldurado.

Monday, January 26, 2009

LILIAN AQUINO












Mencionada por:




Menciona:

Ana Rüsche
Renan Nuernberger
Carla Kinzo
Eduardo Lacerda
Fábio Aristimunho vargas
Carol Marossi






POEMAS




Revelar


Não se percebe mais
o ruído do filme
rodando na câmera.
A imagem se fixa em silêncio
e quando você quis me fotografar
tinha luz refletida nos olhos
bem na retina.

Eu sabia (e você quis) que sua lente
focava planos ao redor de mim
até os insetos, que te levavam a voar
e te ensinavam a se imiscuir
nas peles, nos pêlos,
ou mesmo os beija-flores
ligeiros.

Quando você quis me fotografar
revelar minha espera, meu foco,
seu foco se convergia ao fundo
(sua figura)
e eu, fundo.

Não se ouviu
e o filme rodou
quando você quis me fotografar.






Água-viva



O homem encharcado
atravessa a rua e entra
rápido pelo portão de casa:
precisa dar um telefonema.

Chove muito
como chovia há quase um ano,
mas era maio, ele disse.
Se pudesse, falaria que
naquele verão
tarde de fevereiro
já não molhava mais.
Mas disse
hoje não use guarda-chuva
e venha para casa
porque te espero.

Chove muito
e sorri líquido o homem,
água-viva.





Ritual

para Fabiana Melchiori



No mesmo dia
em que o filho deixou
a casa
(se afastando de costas
para olhá-la nos olhos)
ela resolveu plantar
um ipê

na sala

Num ato solene
quebrou o chão
e
revirou o solo
e
chafurdou-se toda
contente

E do desfeito
pelo rebento
ficou aquela cicatriz
na barriga
, a estranheza do ser
livre
e o olhar aquela árvore
ainda sem flores
e se perguntar:

roxo ou amarelo?





BIO/BIBLIOGRAFIA



Nasci em São Paulo, em 1979, e aqui vivo desde então, mas sempre com um pé em Minas. Já publiquei poemas nas revistas Inimigo Rumor, Mininas, Metamorfose, Zunái, e no jornal de poesia O Casulo. Faço parte do coletivo de poetas Vacamarela, que publicou sua Antologia em 2007.




POÉTICA



Poesia, assim como toda arte, é revelação. Escrever é para mim, então, a busca de desvelar o real no dia-a-dia, de obter um foco nada óbvio, intensificar sentidos. No meu cotidiano, isso vem sempre do espanto tanto com o banal quanto com o extraordinário.

“a poesia é um tipo de loucura qualquer. É uma linguagem que te pira um pouco, que meio te tira do eixo.” (Ana Cristina Cesar)