Saturday, December 30, 2006

Thursday, December 28, 2006

CARLOS ÁVILA

Pedro Maciel

menciona a:
Augusto de Campos
Affonso Ávila
Laís Corrêa de Araújo
Décio Pignatari
Sebastião Nunes
Régis Bonvicino
Júlio Castañon Guimarães
Angela de Campos
Ronald Polito
Cláudio Nunes de Morais
Guilherme Mansur




3 poemas do livro “Bissexto Sentido”:


POETRY: THE WORD I AM THINKING OF
& não será
a poesia
(femme fatale)
apenas uma palavra
dentro de outra palavra
que não quer dizer nada
& não será
a poesia
(femme publique)
apenas a migalha
dentro de outra migalha:
fogo de palha
& não será
a poesia
(femme de chambre)
apenas o ar assoprado
por um aloprado
no ouvido do olvido
& não será
a poesia
(femme grosse)
apenas o resto
de um almoço indigesto
entre convivas no inferno
?

o que será
(une femme: infâme)
será



BAUDELAIRE SOB O SOL

o sol
(a ser adjetivado:
im-pla-cá-vel)
descorou a capa
de um volume de baudelaire

as flores do mal
(descubro)
não resistem à lenta
violência do sol
(sol de boca-de-sertão
que estorrica o solo?)

também
quem mandou
colocar a estante
nesta posição:
o que estaria baudelaire
(em efígie gráfica)
fazendo no sertão?

se as flores do mal
não suportam o sol
(répondez baudelaire)
resistiriam aos punhais
do óxido e do sal?




NARCISSUS POETICUS

secou

(no vaso
sem água)

mal plantado
numa waste land
(minúscula)
de apartamento sombrio:
como resistir
a pó poeira poluição?

maltratado ex-narciso
à própria sorte abandonado
(rente ao piso)
sem fonte
nem espelho

secou
(só no vaso)
sem suor nem saliva
sem lágrima
que o pudesse salvar

morreu

(fuligem
na alma)


Breve bio/biblio:

CARLOS ÁVILA nasceu em Belo Horizonte, Minas Gerais, em 1955; é poeta e jornalista. Publicou, até o momento, três livros de poemas: Aqui & Agora (BH, Edições Dubolso, 1981), Sinal de Menos (Tipografia do Fundo de Ouro Preto, 1989) e Bissexto Sentido (SP, Editora Perspectiva, 1999). Publicou também um livro de ensaios - Poesia Pensada (RJ, 7Letras, 2004) - e duas plaquetes: LOA – aos pequenos lábios (Brasília, Edições Civilização Arcaica, 1999) e Obstáculos (BH, Memória Gráfica, 2004). Está presente em diversas antologias no Brasil e no exterior, entre elas, Nothing the sun could not explain (20 Contemporary Brazilian Poets), publicada nos Estados Unidos, e Brésil: nouvelles générations, publicada pela revista francesa Action Poétique. Foi editor, por quatro anos (1995/98), do Suplemento Literário de Minas Gerais, indicado para o Prêmio Multicultural Estadão (1999). Atualmente, é assessor da Rede Minas de Televisão, para a qual escreveu as videocrônicas e coordenou os videoversos, entre outros trabalhos.


Poética:
“Viver a poesia é muito mais necessário e importante do que escrevê-la.” (Murilo Mendes)





RENATO NEGRÃO



mencionado por:
Estrela Leminski
Marcelo Sahea

menciona a:
Júlio César Abreu
Makely Ka
Marcelo Sahea
Augusto Nesi
Nicolas Behr



poemas:


INFLAME

o dilúculo
influi
magenta no pântano
e a última estrela intensa
incensa
luz
ao único sapo molhado no olhar
que intenta vê-la

a úmida e fria
atmosfera
solta
a cadente wega

e o sapo
coaxa
que se fora

salta
do brejo para a estrada
atropelado
lusco-fusco

murmura
um koan acende
velado
por vagos lumes





CIBORGUE
para donna haraway


ciborgue me deu
um beijo na boca e me disse

não me peça
para gostar dos seus poemas ou que
você goste dos meus

ou não me impeça
de não gostar dos meus ou de
gostar dos seus

porque tudo quanto é aço
silício alicate
interno e déu aqui

tudo quanto é melopéia
logopéia ali
e de lá a fanopéia nada traz

para a elípse entre nós
proezas no breu






Julieta de Souza faz filosofia pelo suporte música
Astolfo Andrade mostra escultura análoga ao teatro
Epaminondas Cerqueira diz cinema com a mão da literatura
Mestra Elza joga capoeira no suporte do design

Tiago José define a curadoria ao manejar parangolé
Carlos Martins sujeita tela e teclado para produzir tipos
Roberta encontra na moda a forma da instalação
Em Marcos Ubaldo arte gourmet e astronomia uma coisa só

Martina transpõe o bordado para a dança
Denise transforma romances em ready-mades
Dayse liga lógica e dada no mamulengo
Magela une cinema e performance nas ciências aquosas

Kátia Suzy realiza poesia pela auto-ajuda
Jean Cardoso faz auto-ajuda na plataforma da poesia
Jorge Ramos pensando fazer poesia faz história
Clara Arantes faz poesia para afugentar o tédio



bio
Renato Negrão (BH) é poeta, performer, compositor. Autor de Os Dois Primeiros e um Vago Lote (Selo Editorial, 2004). Ministrou oficinas de poesia e performance na FUNARTE/SP e no Festival de Inverno de Ouro Preto UFMG/UFOP. Ministra a oficina Palavra Imagem no Programa para Jovens da Fundação Municipal de Cultura de Belo Horizonte. Como compositor, tem composições gravadas por Alda Rezende, A Danaide e Bossacucanova, dentre outros. Apresenta-se em diversos eventos caracterizados pelo uso experimental e transtécnico dos meios de expressão.

Tuesday, December 05, 2006

OS PRIMEIROS CEM

Escolhas está de festa: enquanto no foro continua uma boa conversa sobre poesia brasileira (veja aqui) nesta parte do blog, chegamos aos cem poetas - justamente com alguem que fazia tempo estavamos esperando: Francisco Alvim.
Agradeço a todos os poetas, amigos, costureiras, budas e sambistas que cada dia colaboram e pasam por aqui: a casa é de vocês, e continuamos tendo convidados.
Também, e para fazer juz nessa comemoraçao, um grande abraço pro Alejandro Mendez, quem desde Argentina começou o "elecciones afectivas" de lá -para quem nao conhece: nao perca- e tem ajudado em tudo e mais.
Um grande abraço, parabéns para todos,
anibal.-


FRANCISCO ALVIM
VERA PEDROSA
MARIA LÚCIA ALVIM
EUDORO AUGUSTO
ROBERTO SCHWARZ
JOÃO CARLOS PÁDUA
GERALDO CARNEIRO
CHARLES
VERA AMERICANO
NICHOLAS BEHR
ÂNGELA MELIM
MARIA LÚCIA VERDI
JOÃO MOURA
DUDA MACHADO
SEBASTIÃO NUNES
AUGUSTO MASSI
ANGELA DE CAMPOS
AGE DE CARVALHO
RONALD POLITO
JOSE ALMINO



A MORTE DE ALGUNS

Procuro na pasta
algum endereço
para orientar-me
em busca do termo

Mais certo talvez
olhar da janela
na tarde cruenta
tribos se devoram

Como sofreá-las
no impulso hediondo?
As leis não coíbem
a antropofagia

Ora, não me preocupo:
só termos pelejam
Os poetas se escondem
atrás de janelas

E não vejo sangue
na aragem anêmica
(termos se devoram
incruentamente)


Nesta guerra é certo
como em Uccello
só se valorizam
os gestos mais belos

Mesmo porque desertas
de homens as janelas
nelas só se vêem
poetas

(in Sol dos Cegos, 1968)


ORDENHA

Os dedos flácidos
acompanham trôpegos
o embate da testa
Ordenham esta idéia
e mais aquela outra
espremem bem a teta
Longe o telefone
acorda um latido-
o bastante afinal
para que a córnea escorra
sobre a fronha


(in Passatempo, 1974)





SONHAR OS HOMENS CANIBAIS

Sonhar os homens canibais
que moqueiam as carnes do combate-
em cada mão uma cabeça
nos ombros as pernas guerreiras

Lembrar os degraus da ilha
que algum passo há de descer.
Com paciência esperar

Pensar o mar

(in Lago, Montanha, 1981)



VARANDA DE UM VÔO

Um tempo de neve-
volta
por dentro do sol
e da água

Olho de um lago
que olha dentro de si
para se ver
não se ver

Olhar de fora
luz tamanha
névoa na neve-
montanha

(in Festas, 1981)


OS DOIS NA COZINHA

Entre os picumãs do teto da cozinha
havia um cipó velho
Que cipó é aquele meu tio?
Prendia umas cabaças com sebo de boi
Os pretos
antes de ir para o eito
untavam-se

Evitavam as frieiras
o reumatismo

(in O Corpo Fora, 1988)



UM TELEFONE

De nosso bisavô Teófilo
passou pra Vovô
de Vovô pra Tilê
de Tilê pro Nico
Agora está com Clara
Eu, criancinha, lá em BH
Ouvia: aqui é 2-7359
Hoje o prefixo é outro
221 mas o número
7359
o mesmo



(in Elefante, 2000)


Francisco Alvim
Nasce em 1938, em Minas Gerais. Livros: Sol dos cegos (ed. do autor, 1968); Passatempo (coleção Frenesi, 1974, Rio de Janeiro); Dia sim dia não, com Eudoro Augusto (coleção Mão no Bolso, 1978, Brasília); Lago, montanha (coleção Capricho, 1981, Rio de Janeiro); Festa (id.); Passatempo e outros poemas, coletânea dos livros publicados, à exceção de Dia sim dia não (Brasiliense,1981, São Paulo); Poesias reunidas, com o conjunto dos livros anteriores, inclusive Dia sim dia não, e mais o inédito O Corpo fora (Duas Cidades, 1988, São Paulo). Elefante (Companhia das Letras, 2000, São Paulo); Poemas – 1968/2000 (Cosac & Naify, 2004, São Paulo).

POÉTICA
Acho que os poemas acima, uns de modo mais direto, como “A Morte de Alguns” e, num de seus planos, “Ordenha”, dizem bastante do modo que tenho de pensar, quase sempre sem que tenha (se isso não é absurdo) conciência do que estou pensando, a poesia. A idéia que tenho deles, quando os leio sob esse prisma e neste momento, é de um certo jogo do poema com o real (no fundo, meu único interesse), o que traz de aparente vitória e de segura derrota. Nisso, devo estar tentando uma poesia que nasceu no sec. XIX e agonizou no sec. XX; que está morta, e não traz nenhuma idéia de futuro. Trago para aqui (sem estabelecer um vínculo com o que acabo de escrever) duas imagens, de duas poéticas que me encantam particularmente: a poesia como espécie de líquido amneótico que banha o universo e a vida humana, de Bandeira, e a imagem do poeta como esgrimista, numa luta incessante com o real, o dentro versus o fora (e vice-versa), de Baudelaire.

FRANCISCO DOS SANTOS














mencionado por:
Eduardo Jorge
Virna Teixeira

menciona a:
Antônio Moura
Maria da Paz Ribeiro Dantas
Eduardo Jorge



poemas:







A árvore no sonho

Dentro dele as coisas que entram pelo olho misturam-se às coisas amorfas.
Sua mãe vem em sua direção e nunca acaba de chegar.
Retira da árvore um filhote gordo, branco, contempla-o em sua desgraça de pássaro,
depois volta-o as ramas rendadas de escamas.
Sua mãe vem em sua direção e nunca acaba de chegar. Ela tem dois rostos e se debate.
Entre as ramas uma cobra se move lentamente, como ferrugem, como olhos carcomidos.
Sai de sua boca um navio, todos os mastros quebrados.





sobre o país o monstro

a Maria da Paz Ribeiro Dantas

— devorados
erguemos
com escoras
a pele em declives —
uma linha passou por nós,
obliqua
então surgimos do outro lado sem geometria, sem flor, sem espelho



Era uma vez num país de árvores dois heróis

O primeiro nãonascido da flornão, de um O cuspido; malicioso, mulherengo, meio
mau-caráter etc, etc. Todos conhecem sua história. O segundo de uma idade
física nascido, habilíssimo, adorado pelo povo polvo... Ora, vejam, um trocadilho,
essa forma rudimentar de humor ainda tão cara a nós povo povo; mas não se
distraiam com essa rameira que pisca e ri para vocês, a ironia — ah, a ironia,
a ironia, a ironia, dizem que ando doente de ironia, que corrompo pessoas com meu
dom — mas não se distraiam também com isso, vão trocar nossos heróis
e não será por um herói ideal qual o grande Boon, idiota o bastante para enfrentar
um urso com uma faca. Não, não precisam confiar em mim, aliás é bom que não
confiem mesmo, olhem por entre essas letras e vislumbrem — eis que surge o
bólido veloz.






Nota biobibliográfica: Francisco dos Santos nasceu em 1967 no Matogrosso do Sul. Autor dos livros: M, 1991/2001; Solilóquio, 1997/2002; A reinvenção do mesmo, 2002/2003 (trê livros de poemas reunidos com cinco fragmentos de Prosa de O Grande Cineasta no livro Francisco de Todos-os-Santos, Lumme Editor, 2003); A imagem recorrente, 2003/2004, contos; Topografia de um homem urbano, 1986/2001, desenhos (ed. do autor); O Golpe do Anti-ceifo, 1997/2001, pinturas; Diálogo com Goya, 2000/2002, pinturas; “No american, latins”, 2005, libreto de contos; A árvore no sonho, poesia (em processo). Folha de São Paulo, Jornal do Brasil, DC, O Povo, A Crítica, O Liberal, JC, revistas Monturo, Medusa, Oroboro, Zunái, Etecetera, Gazua, Tsé-Tsé (Argentina), Serta (Madri), Proler (Moçambique), entre outros veículos publicaram trabalhos seus. Editor de títulos como: Presque-songes, de Jean-Joseph Rabearivelo (1a. edição no Brasil); Rio Silêncio, de Antônio Moura; Sunyata, de Víctor Sosa; Shakti, de Reynaldo Jiménez; Antes que chegue a noite, de Juan Luis Panero, (livro ganhador do Prémio Ciudad de Barcelona); Contra o segredo profissional, de César Vallejo; Bocage, Corpo de Delicto; Contos africanos tradicionais; Folclore Brasileiro; Budissatva de Jade, conto da Dinastia Sung etc. Trabalha atualmente na preparação de dois fac-símiles de Camões: primeira edição de Os Lusíadas, 1572, e códice apenso ao volume das Rhythmas, 1595. 






poética: para mim a coisa toda se move junto com o poema, mudando uma linha o desenho dela.
me agrada a possibilidade de deslocar uma arquitetura possível.

CLÁUDIO NUNES DE MORAIS

Caraíva-BA 2006. Foto: Verônica Mendes Pereira


mencionado por:
Júlio Castañon Guimarães
Carlos Ávila

menciona a:
Laís Corrêa de Araújo
Affonso Ávila
Wladir Caldeira de Morais
Duda Machado
Júlio Castañon Guimarães
Suzana Nunes de Morais
Carlos Ávila
Ronald Polito
Júlio César Abreu
Andityas Soares de Moura



poemas:



ÁGUA-TINTA


Fevereiro é um pássaro. Veio, março
na flor das águas, num momento, e partiu.

O que veio a seguir foram águas. Águas
de janeiro, as primeiras chuvas que caem

depois de um verão. Assim como as primeiras-
águas, chuvas de trovoada em novembro

e dezembro. Assim, sem dizer água vai,
e a dizer água vem, gravaria, um por

um, todos os meses, as quatro estações
a água-tinta, gravada à vista de ex-

tintas águas. Água passada. Se é que
passou. O certo, certíssimo é que não

ficou. Nem fevereiro. Veio, janeiro
na flor das águas, num momento, e partiu.

(do livro Xadrez via correspondência, 1997)



ALGUNS GUITARRISTAS


Ouvi Manolo Sanlúcar
e Isidro, o mano fiel:
de suas cañas, o açúcar

por entre os caules de fel.
Ouvi também, no Brasil,
Cañizares (Juan Manuel):

ciência, vasta e não fácil,
mas espontânea, apresenta.
Ouvi depois esse anil

das mãos de Amigo (Vicente),
que apresenta em outro tom
Córdoba: explosivamente.

E antes Solera (Antonio)
–– ouvi (ou vi) bem de perto
(e revi) ––, em Carmen: dom,

Bodas de Sangre em concerto.
Mas ouvi Francisco Sánchez
Gómez, Paco (o mais deserto

da história: numa avalanche
de toques que invade e muda
o toque, como revanche:

a guitarra mais aguda,
mais musical, a fronteira
também do grave, sisudo):

“o de nervos de madeira,
de punhos secos de fibra”,
o que calcula as maneiras

de cada corda que vibra
e acorda em toda a magia
do “fluido aceiro da vida”

a frágua, a gitanería,
sim, ouvi Francisco Sánchez
Gómez, Paco de Lucía:

cultivando uma avalanche
de toques, mas com mão certa,
não deixa que se desmanche

o toque que se completa
com o elenco dos tablaos
e das peñas mais secretas,

pois tal guitarra, ou granada
que explode à frente do elenco,
sempre renasce –– extremada ––

dos pés, da voz do flamenco.

(publicado na revista Cacto, n. 2, outono/2003)



PUNHAL DE PRATA


E ouvi muitas outras coisas.
Águas fundas. Águas rasas.

Nesta rua (Amor de Dios),
por exemplo, as águas bravas
de sua guitarrería.

Sempre soube o que matava.
Sempre soube quem morria.

(publicado na coleção Relógio do Rosário, outubro/2004)



breve bio/biblio:

Cláudio Nunes de Morais nasceu em Belo Horizonte (MG), em 1955. Músico, autor do livro de poesia Xadrez via correspondência (Sette Letras, 1997), traduziu duas séries de poemas de Paul Valéry: a primeira foi estampada na revista Cacto, n. 2 (outono de 2003); a segunda no Suplemento Literário MG, em abril de 2006 (
www.cultura.mg.gov.br/arquivos/SuplementoLiterario/File/sl-abril.pdf). Traduziu também, desta vez em parceria com Rogério Silveira Muoio, o Dicionário abreviado do surrealismo, de André Breton e Paul Éluard (publicado em edição especial do Suplemento Literário do jornal Minas Gerais, em 1986), e participou da antologia Na virada do século, organizada por Claudio Daniel e Frederico Barbosa (Landy, 2002).




poética:



O LIVRO ABERTO


Muito além (e aqui
as nuvens, o chão)
de um livro fechado
na palma da mão

(a rua, folhinhas
ou dias, semanas
e meses do ano
as fases da Lua

das noites ardentes
à manhã mais fria
entre um par de datas
igualmente exatas)

E a canção de suas
páginas ao vento
(de duas em duas
sob o firmamento)

(publicado no Suplemento Literário MG, maio/2005)