Menciona:
Beatriz Sayad
Ismar Tirelli Neto
Julia Debasse
Julia Mendes
Lucas Viriato
POEMAS
(do livro pequenas biografias não-autorizadas, 7Letras, 2009)
“vinte e seis”
um dia, inevitavelmente, aconteceria.
o antigo poeta das linhas apócrifas
sobre fantasmas internos e naufrágios,
o infante terrível, o descabelado, o vil
sem regras daria lugar ao homem grave,
à besta milenar – homem sem pernas,
meio doce meio amargo meio homem,
a boca sem fim inclinada para baixo,
as leituras eslavas, a sutura do ódio
que prolifera para dentro em pústulas
e adquire a petulância de um mar parado.
“ana c.”
a poesia,
se persiste,
quando cisma,
(instinto?)
é um passo
na direção
do abismo,
(infinito?)
ou então são
dois passos
e um colapso
(suicídio?)
nos casos
de poesia
mais rara,
(primitiva?)
ou então coice,
patada de pena.
porque as asas
(comprimidos?)
estão na cabeça
e não nas pedras
portuguesas.
“clint eastwood”
importante esperar pelo último minuto,
pela dor inexplicável que nos fará jus
à cruz que carregamos, invisível ferro,
que gela nas artérias e antecipa o tiro.
importante esperar pelo momento vazio
em que a dor trespassa então por pouco
e já não é mais dor, é tensão do mundo
– enxergar sem rédeas o terreno aberto.
não se colocar entre este e aquele século.
seguir sem nome (pois o nome na pele)
então engolir os séculos, regurgitar mais.
para remexer o caldo fundo sob a terra
aparentemente árida, de cerne difícil,
e só então cuspir o sumo – dar o tiro.
BIO/BIBLIOGRAFIA:
Apesar de ter apenas um metro e setenta, Leonardo Marona nasceu de cesária, com quatro quilos e oitocentos gramas, no bairro Menino Deus, em Porto Alegre. Publicou recentemente o livro “pequenas biografias não-autorizadas” (poesia, 86 págs., 7Letras, 2009) e tem escritos outros dois livros de contos: Os ossos debaixo dos campos verdes, 212 págs., 2004; Maldito Orquidário, 90 págs., 2008 –ainda não publicados. Tem textos publicados nos sites Bestiário (www.bestiario.com.br); Escritoras Suicidas (www.escritorassuicidas.com.br, sob pseudônimo), Crônica do Dia (www.crondia.blogspot.com) e no literário Jornal Plástico Bolha (www.jornalplasticobolha.com.br), feito pelo Depto. de Letras da Puc-Rio, além do Jornal Vaia (www.jornalvaia.com.br), periódico literário de Porto Alegre.
Blog: ASA NISI MASA (www.omarona.blogpot.com).
“vinte e seis”
um dia, inevitavelmente, aconteceria.
o antigo poeta das linhas apócrifas
sobre fantasmas internos e naufrágios,
o infante terrível, o descabelado, o vil
sem regras daria lugar ao homem grave,
à besta milenar – homem sem pernas,
meio doce meio amargo meio homem,
a boca sem fim inclinada para baixo,
as leituras eslavas, a sutura do ódio
que prolifera para dentro em pústulas
e adquire a petulância de um mar parado.
“ana c.”
a poesia,
se persiste,
quando cisma,
(instinto?)
é um passo
na direção
do abismo,
(infinito?)
ou então são
dois passos
e um colapso
(suicídio?)
nos casos
de poesia
mais rara,
(primitiva?)
ou então coice,
patada de pena.
porque as asas
(comprimidos?)
estão na cabeça
e não nas pedras
portuguesas.
“clint eastwood”
importante esperar pelo último minuto,
pela dor inexplicável que nos fará jus
à cruz que carregamos, invisível ferro,
que gela nas artérias e antecipa o tiro.
importante esperar pelo momento vazio
em que a dor trespassa então por pouco
e já não é mais dor, é tensão do mundo
– enxergar sem rédeas o terreno aberto.
não se colocar entre este e aquele século.
seguir sem nome (pois o nome na pele)
então engolir os séculos, regurgitar mais.
para remexer o caldo fundo sob a terra
aparentemente árida, de cerne difícil,
e só então cuspir o sumo – dar o tiro.
BIO/BIBLIOGRAFIA:
Apesar de ter apenas um metro e setenta, Leonardo Marona nasceu de cesária, com quatro quilos e oitocentos gramas, no bairro Menino Deus, em Porto Alegre. Publicou recentemente o livro “pequenas biografias não-autorizadas” (poesia, 86 págs., 7Letras, 2009) e tem escritos outros dois livros de contos: Os ossos debaixo dos campos verdes, 212 págs., 2004; Maldito Orquidário, 90 págs., 2008 –ainda não publicados. Tem textos publicados nos sites Bestiário (www.bestiario.com.br); Escritoras Suicidas (www.escritorassuicidas.com.br, sob pseudônimo), Crônica do Dia (www.crondia.blogspot.com) e no literário Jornal Plástico Bolha (www.jornalplasticobolha.com.br), feito pelo Depto. de Letras da Puc-Rio, além do Jornal Vaia (www.jornalvaia.com.br), periódico literário de Porto Alegre.
Blog: ASA NISI MASA (www.omarona.blogpot.com).
E-mail: leomarona@gmail.com
POÉTICA
“Aos olhos dos outros, um homem é poeta se tiver escrito um bom poema. Aos próprios olhos, ele é poeta apenas no momento em que faz a última revisão num novo poema. No momento anterior, era apenas um poeta em potencial; no momento seguinte, é um homem que parou de escrever poesia, talvez para sempre.” (W. H. Auden)
POÉTICA
“Aos olhos dos outros, um homem é poeta se tiver escrito um bom poema. Aos próprios olhos, ele é poeta apenas no momento em que faz a última revisão num novo poema. No momento anterior, era apenas um poeta em potencial; no momento seguinte, é um homem que parou de escrever poesia, talvez para sempre.” (W. H. Auden)
7 comments:
Caramba!
gostei do autorretrato do lúdico ser lírico em decomposição, das ilusões perdidas que exalam do primeiro poema.
Exato!
ADOREI o vinte e seis.
e adoro o Auden. Essa citação dele vem sempre a calhar.
belos poemas:)
T.
Adorei o seu blog, parabéns pelo conteúdo!
Beijinhos e boa semana,
Marceli
http://dicadelivro.com.br/
hj me bateu uma saudade enorme daqui :~
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