Tuesday, July 01, 2008

WILSON NANINI










Mencionado por:
Micheliny Verunschk

Menciona:
Micheliny VerunschkLau Siqueira
Jussara Salazar
Ricardo Corona
José Aloise Bahia
Leonel Delalana Jr.





POEMAS (do livro inédito Quebrantos, Relances e Abismos Ao Relento)



BOI

I
Apenas a metafísica
de nossos mitos
explica-nos

– enquanto o boi ergue a cauda
e produz matéria

II
Solene,
com mãos transfiguradas,
afago na
(dele) face minha hoje
escassa identidade.

III
No meio-dia sem álibi...
Na meia-noite sem alento...
O boi (peso, pêlo e poesia
isenta) se indifere pois
intui que plenitude é
– rente ao prazer manufaturado –
deitar-se entre flores
na relva úmida
ao relento
e lamber apenas
as próprias narinas.



BESOUROS

Aladas quase
cegas semi-
(es)feras
negras

chovem se acumulam
à penumbra pública

(sem que as lâmpadas
dos postes que os
alumbram de-
batendo-se em câmera

len-
ta

esforçados virados saibam
o que pensam os transeuntes
que passam por
sobre
e os esmagam
indiferentes)



FAMÍLIA

Um sino de missa
inaugura o domingo

O girassol sorri
na sombra do muro

– sentinela das galinhas
que ciscam na horta

esperando a hora
da (alheia) fome





BIO/BIBLIOGRAFIA



Wilson Torres Nanini, policial militar de minas gerais por ofício, poeta por extravio, nasceu em Poços de Caldas/MG, em 25/01/1980. Casado, reside com a mulher Carolina em Botelhos. Cursou Letras na Unifeob, de São João da Boa Vista/SP, contudo, abandonou o curso antes de se formar. Seu primeiro livro de poemas, ainda não publicado, intitula-se Quebrantos, Relances e Abismos ao Relento.





POÉTICA



“Enquanto a vida me obriga a transitar por ela com humildade, a poesia é uma via alternativa, é um modo de empunhar empáfia para me vingar do mundo, reinventando-o. Contudo, não busco um mundo perfeito. Quero chegar apenas a meio-instante de uma realização plena. Cultivo uma ardente aspiração pela coisa que não se completa nunca, que se dá sob a forma de um quase, mas que ao mesmo tempo me repleta, enquanto transito de asas atadas no território de meus automuros. Quero algo além da indecisão de uma pedra que indaga se acaso uma flor entre flores é mais flor do que uma flor entre pedras.”

3 comments:

Maltese Boy said...

Oi. Gostei bastante do seu blog... É deveras difícil encontrar blogs reunindo poesias de diferentes autores, e foi uma grata surpresa encontrar um.
=)

Abraço.

poesiasequer said...

A poesia de Wilson Nanini é puro brilhante. Que bom vê-lo por aqui.

nydia bonetti said...

Nanini é sem dúvida, um dos melhores poetas que tenho tido o prazer de ler nestes últimos tempos. Belíssima escolha.