Pedro Maciel
menciona a:
Augusto de Campos
Affonso Ávila
Laís Corrêa de Araújo
Décio Pignatari
Sebastião Nunes
Régis Bonvicino
Júlio Castañon Guimarães
Angela de Campos
Ronald Polito
Cláudio Nunes de Morais
Guilherme Mansur
3 poemas do livro “Bissexto Sentido”:
POETRY: THE WORD I AM THINKING OF
& não será
a poesia
(femme fatale)
apenas uma palavra
dentro de outra palavra
que não quer dizer nada
& não será
a poesia
(femme publique)
apenas a migalha
dentro de outra migalha:
fogo de palha
& não será
a poesia
(femme de chambre)
apenas o ar assoprado
por um aloprado
no ouvido do olvido
& não será
a poesia
(femme grosse)
apenas o resto
de um almoço indigesto
entre convivas no inferno
?
o que será
(une femme: infâme)
será
BAUDELAIRE SOB O SOL
o sol
(a ser adjetivado:
im-pla-cá-vel)
descorou a capa
de um volume de baudelaire
as flores do mal
(descubro)
não resistem à lenta
violência do sol
(sol de boca-de-sertão
que estorrica o solo?)
também
quem mandou
colocar a estante
nesta posição:
o que estaria baudelaire
(em efígie gráfica)
fazendo no sertão?
se as flores do mal
não suportam o sol
(répondez baudelaire)
resistiriam aos punhais
do óxido e do sal?
NARCISSUS POETICUS
secou
(no vaso
sem água)
mal plantado
numa waste land
(minúscula)
de apartamento sombrio:
como resistir
a pó poeira poluição?
maltratado ex-narciso
à própria sorte abandonado
(rente ao piso)
sem fonte
nem espelho
secou
(só no vaso)
sem suor nem saliva
sem lágrima
que o pudesse salvar
morreu
(fuligem
na alma)
Breve bio/biblio:
CARLOS ÁVILA nasceu em Belo Horizonte, Minas Gerais, em 1955; é poeta e jornalista. Publicou, até o momento, três livros de poemas: Aqui & Agora (BH, Edições Dubolso, 1981), Sinal de Menos (Tipografia do Fundo de Ouro Preto, 1989) e Bissexto Sentido (SP, Editora Perspectiva, 1999). Publicou também um livro de ensaios - Poesia Pensada (RJ, 7Letras, 2004) - e duas plaquetes: LOA – aos pequenos lábios (Brasília, Edições Civilização Arcaica, 1999) e Obstáculos (BH, Memória Gráfica, 2004). Está presente em diversas antologias no Brasil e no exterior, entre elas, Nothing the sun could not explain (20 Contemporary Brazilian Poets), publicada nos Estados Unidos, e Brésil: nouvelles générations, publicada pela revista francesa Action Poétique. Foi editor, por quatro anos (1995/98), do Suplemento Literário de Minas Gerais, indicado para o Prêmio Multicultural Estadão (1999). Atualmente, é assessor da Rede Minas de Televisão, para a qual escreveu as videocrônicas e coordenou os videoversos, entre outros trabalhos.
Poética:
“Viver a poesia é muito mais necessário e importante do que escrevê-la.” (Murilo Mendes)
menciona a:
Augusto de Campos
Affonso Ávila
Laís Corrêa de Araújo
Décio Pignatari
Sebastião Nunes
Régis Bonvicino
Júlio Castañon Guimarães
Angela de Campos
Ronald Polito
Cláudio Nunes de Morais
Guilherme Mansur
3 poemas do livro “Bissexto Sentido”:
POETRY: THE WORD I AM THINKING OF
& não será
a poesia
(femme fatale)
apenas uma palavra
dentro de outra palavra
que não quer dizer nada
& não será
a poesia
(femme publique)
apenas a migalha
dentro de outra migalha:
fogo de palha
& não será
a poesia
(femme de chambre)
apenas o ar assoprado
por um aloprado
no ouvido do olvido
& não será
a poesia
(femme grosse)
apenas o resto
de um almoço indigesto
entre convivas no inferno
?
o que será
(une femme: infâme)
será
BAUDELAIRE SOB O SOL
o sol
(a ser adjetivado:
im-pla-cá-vel)
descorou a capa
de um volume de baudelaire
as flores do mal
(descubro)
não resistem à lenta
violência do sol
(sol de boca-de-sertão
que estorrica o solo?)
também
quem mandou
colocar a estante
nesta posição:
o que estaria baudelaire
(em efígie gráfica)
fazendo no sertão?
se as flores do mal
não suportam o sol
(répondez baudelaire)
resistiriam aos punhais
do óxido e do sal?
NARCISSUS POETICUS
secou
(no vaso
sem água)
mal plantado
numa waste land
(minúscula)
de apartamento sombrio:
como resistir
a pó poeira poluição?
maltratado ex-narciso
à própria sorte abandonado
(rente ao piso)
sem fonte
nem espelho
secou
(só no vaso)
sem suor nem saliva
sem lágrima
que o pudesse salvar
morreu
(fuligem
na alma)
Breve bio/biblio:
CARLOS ÁVILA nasceu em Belo Horizonte, Minas Gerais, em 1955; é poeta e jornalista. Publicou, até o momento, três livros de poemas: Aqui & Agora (BH, Edições Dubolso, 1981), Sinal de Menos (Tipografia do Fundo de Ouro Preto, 1989) e Bissexto Sentido (SP, Editora Perspectiva, 1999). Publicou também um livro de ensaios - Poesia Pensada (RJ, 7Letras, 2004) - e duas plaquetes: LOA – aos pequenos lábios (Brasília, Edições Civilização Arcaica, 1999) e Obstáculos (BH, Memória Gráfica, 2004). Está presente em diversas antologias no Brasil e no exterior, entre elas, Nothing the sun could not explain (20 Contemporary Brazilian Poets), publicada nos Estados Unidos, e Brésil: nouvelles générations, publicada pela revista francesa Action Poétique. Foi editor, por quatro anos (1995/98), do Suplemento Literário de Minas Gerais, indicado para o Prêmio Multicultural Estadão (1999). Atualmente, é assessor da Rede Minas de Televisão, para a qual escreveu as videocrônicas e coordenou os videoversos, entre outros trabalhos.
Poética:
“Viver a poesia é muito mais necessário e importante do que escrevê-la.” (Murilo Mendes)
2 comments:
CARLOS ÁVILA
Viva a bricolagem sem costuras.
Viva o aparecer em meio a linkes.
evoé
Caro, encontrei fragmentos de tua obra na colêtânea "virada do século" e confesso-me encantada com tua lira!
evoé
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