mencionada por:Laura Erber
Adolfo Montejo Navas
Italo Moriconi
menciona a:Elisabeth Veiga
Leonardo Fróes
Cecília Meireles
Manuel Bandeira
Carlos Drummond
João Cabral
Três poemas:
FLORES
Colho olhos fixos
de novo
boca seca
aberta
- o não completo me suspende
entre parênteses invisíveis e impotentes
no ar parado -
de passeio neste campo imperceptível
minado
que a pasma semântica do absurdo
colore de avesso e espanto,
flores que explodem ao contrário.
1999
CLOWNS
Será triste a passagem
para a Terra Sem Sentimentos
do capital total.
Um por um
pelo desfiladeiro
como os mocinhos do cinema.
Fardos, jegues.
Camelos?
Também, vindos de outros filmes.
Turbantes, sarongues, sáris.
Irmão, primo.
Pai.
Até mãe pelo despenhadeiro.
Nada sobrará.
Amor, sorriso.
Pedra sobre pedra.
Só frieza e névoa.
Não, não será triste.
É Sem Sentimentos a Terra
do capital fatal.
Ovelha irreal
simulacro de gemido
inteligência transgênica.
Clowns, clones - será gente
o que desce da garganta
do outro lado da montanha
da transmutação global?
15 de setembro de 2000
Meu pai nos abandonou.
Minha mãe casou e mudou.
Vovó morreu.
Os irmãos sumiram no mundo
ou submundo.
Sem explicação
Yvonne nunca mais falou comigo
e, para Ronaldo,
sou fantasma do passado.
Vejo meus filhos já voando.
Nem um pássaro na mão.
2 de outubro de 2000
Do livro Possibilidades, Rio de Janeiro, agosto de 2006
Biobibliografia
Angela Melim nasceu em Porto Alegre em 1952 e mora no Rio de Janeiro, onde é escritora e trabalha como redatora, tradutora e intérprete de conferências. Publicou diversos livros, tendo sido premiada pela Fundação Vitae e UBE – União Brasileira de Escritores. Escreveu para diversas revistas e jornais, tomou parte em debates, programas de TV, filmes e mesas redondas sobre poesia e literatura. Coordenou núcleos de Cultura para o Partido dos Trabalhadores, participou dos sindicatos dos Tradutores e Escritores, da UBE e da CUT (Central Única dos Trabalhadores).
Livros publicados:
- O vidro o nome (1974) poemas
- Das tripas coração (1978) poemas
- As mulheres gostam muito (1979) prosa poética
- Vale o escrito (1981) poemas
- Os caminhos do Conhecer (1981) poemas
- O outro retrato (1982) prosa poética – manuscrito circulante
- Poemas (1987)
- Mais dia menos dia (1996) obra reunida
- Possibilidades (2006) poemas
Inéditos:- Ainda ontem - contos, Prêmio Eneida da UBE-RJ, 1991
- O personagem - em elaboração (Bolsa Vitae, 2005)
- O elefante triste infantil (no prelo)
- O pinheirinho de Natal infantil (no prelo)
- Monstrinho infantil (no prelo)
- Aniversário infantil (no prelo)
Uma poética
COISAS ASSIM PARDAS
Para Eduardo
Canário-da-terra, marreco, chinfrim
coisas assim, nomes – Rita
coisas assim pardas, mestiças
de pequeno porte
coisas de fibra
embora os jeitos desvalidos
coisas pardas vivas
pulsantes
um poema assim.
Do livro Das tripas coração, Florianópolis, 1978
Adolfo Montejo Navas
Italo Moriconi
menciona a:Elisabeth Veiga
Leonardo Fróes
Cecília Meireles
Manuel Bandeira
Carlos Drummond
João Cabral
Três poemas:
FLORES
Colho olhos fixos
de novo
boca seca
aberta
- o não completo me suspende
entre parênteses invisíveis e impotentes
no ar parado -
de passeio neste campo imperceptível
minado
que a pasma semântica do absurdo
colore de avesso e espanto,
flores que explodem ao contrário.
1999
CLOWNS
Será triste a passagem
para a Terra Sem Sentimentos
do capital total.
Um por um
pelo desfiladeiro
como os mocinhos do cinema.
Fardos, jegues.
Camelos?
Também, vindos de outros filmes.
Turbantes, sarongues, sáris.
Irmão, primo.
Pai.
Até mãe pelo despenhadeiro.
Nada sobrará.
Amor, sorriso.
Pedra sobre pedra.
Só frieza e névoa.
Não, não será triste.
É Sem Sentimentos a Terra
do capital fatal.
Ovelha irreal
simulacro de gemido
inteligência transgênica.
Clowns, clones - será gente
o que desce da garganta
do outro lado da montanha
da transmutação global?
15 de setembro de 2000
Meu pai nos abandonou.
Minha mãe casou e mudou.
Vovó morreu.
Os irmãos sumiram no mundo
ou submundo.
Sem explicação
Yvonne nunca mais falou comigo
e, para Ronaldo,
sou fantasma do passado.
Vejo meus filhos já voando.
Nem um pássaro na mão.
2 de outubro de 2000
Do livro Possibilidades, Rio de Janeiro, agosto de 2006
Biobibliografia
Angela Melim nasceu em Porto Alegre em 1952 e mora no Rio de Janeiro, onde é escritora e trabalha como redatora, tradutora e intérprete de conferências. Publicou diversos livros, tendo sido premiada pela Fundação Vitae e UBE – União Brasileira de Escritores. Escreveu para diversas revistas e jornais, tomou parte em debates, programas de TV, filmes e mesas redondas sobre poesia e literatura. Coordenou núcleos de Cultura para o Partido dos Trabalhadores, participou dos sindicatos dos Tradutores e Escritores, da UBE e da CUT (Central Única dos Trabalhadores).
Livros publicados:
- O vidro o nome (1974) poemas
- Das tripas coração (1978) poemas
- As mulheres gostam muito (1979) prosa poética
- Vale o escrito (1981) poemas
- Os caminhos do Conhecer (1981) poemas
- O outro retrato (1982) prosa poética – manuscrito circulante
- Poemas (1987)
- Mais dia menos dia (1996) obra reunida
- Possibilidades (2006) poemas
Inéditos:- Ainda ontem - contos, Prêmio Eneida da UBE-RJ, 1991
- O personagem - em elaboração (Bolsa Vitae, 2005)
- O elefante triste infantil (no prelo)
- O pinheirinho de Natal infantil (no prelo)
- Monstrinho infantil (no prelo)
- Aniversário infantil (no prelo)
Uma poética
COISAS ASSIM PARDAS
Para Eduardo
Canário-da-terra, marreco, chinfrim
coisas assim, nomes – Rita
coisas assim pardas, mestiças
de pequeno porte
coisas de fibra
embora os jeitos desvalidos
coisas pardas vivas
pulsantes
um poema assim.
Do livro Das tripas coração, Florianópolis, 1978
2 comments:
Maravilhosos poemas.
Virei fã.
também gostei muito. "flores que explodem ao contrário".
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