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Ana Rüsche
Renan Nuernberger
Carla Kinzo
Eduardo Lacerda
Fábio Aristimunho vargas
Carol Marossi
Renan Nuernberger
Carla Kinzo
Eduardo Lacerda
Fábio Aristimunho vargas
Carol Marossi
POEMAS
Revelar
Não se percebe mais
o ruído do filme
rodando na câmera.
A imagem se fixa em silêncio
e quando você quis me fotografar
tinha luz refletida nos olhos
bem na retina.
Eu sabia (e você quis) que sua lente
focava planos ao redor de mim
até os insetos, que te levavam a voar
e te ensinavam a se imiscuir
nas peles, nos pêlos,
ou mesmo os beija-flores
ligeiros.
Quando você quis me fotografar
revelar minha espera, meu foco,
seu foco se convergia ao fundo
(sua figura)
e eu, fundo.
Não se ouviu
e o filme rodou
quando você quis me fotografar.
Água-viva
O homem encharcado
atravessa a rua e entra
rápido pelo portão de casa:
precisa dar um telefonema.
Chove muito
como chovia há quase um ano,
mas era maio, ele disse.
Se pudesse, falaria que
naquele verão
tarde de fevereiro
já não molhava mais.
Mas disse
hoje não use guarda-chuva
e venha para casa
porque te espero.
Chove muito
e sorri líquido o homem,
água-viva.
Ritual
para Fabiana Melchiori
No mesmo dia
em que o filho deixou
a casa
(se afastando de costas
para olhá-la nos olhos)
ela resolveu plantar
um ipê
na sala
Num ato solene
quebrou o chão
e
revirou o solo
e
chafurdou-se toda
contente
E do desfeito
pelo rebento
ficou aquela cicatriz
na barriga
, a estranheza do ser
livre
e o olhar aquela árvore
ainda sem flores
e se perguntar:
roxo ou amarelo?
Não se percebe mais
o ruído do filme
rodando na câmera.
A imagem se fixa em silêncio
e quando você quis me fotografar
tinha luz refletida nos olhos
bem na retina.
Eu sabia (e você quis) que sua lente
focava planos ao redor de mim
até os insetos, que te levavam a voar
e te ensinavam a se imiscuir
nas peles, nos pêlos,
ou mesmo os beija-flores
ligeiros.
Quando você quis me fotografar
revelar minha espera, meu foco,
seu foco se convergia ao fundo
(sua figura)
e eu, fundo.
Não se ouviu
e o filme rodou
quando você quis me fotografar.
Água-viva
O homem encharcado
atravessa a rua e entra
rápido pelo portão de casa:
precisa dar um telefonema.
Chove muito
como chovia há quase um ano,
mas era maio, ele disse.
Se pudesse, falaria que
naquele verão
tarde de fevereiro
já não molhava mais.
Mas disse
hoje não use guarda-chuva
e venha para casa
porque te espero.
Chove muito
e sorri líquido o homem,
água-viva.
Ritual
para Fabiana Melchiori
No mesmo dia
em que o filho deixou
a casa
(se afastando de costas
para olhá-la nos olhos)
ela resolveu plantar
um ipê
na sala
Num ato solene
quebrou o chão
e
revirou o solo
e
chafurdou-se toda
contente
E do desfeito
pelo rebento
ficou aquela cicatriz
na barriga
, a estranheza do ser
livre
e o olhar aquela árvore
ainda sem flores
e se perguntar:
roxo ou amarelo?
BIO/BIBLIOGRAFIA
Nasci em São Paulo, em 1979, e aqui vivo desde então, mas sempre com um pé em Minas. Já publiquei poemas nas revistas Inimigo Rumor, Mininas, Metamorfose, Zunái, e no jornal de poesia O Casulo. Faço parte do coletivo de poetas Vacamarela, que publicou sua Antologia em 2007.
POÉTICA
POÉTICA
Poesia, assim como toda arte, é revelação. Escrever é para mim, então, a busca de desvelar o real no dia-a-dia, de obter um foco nada óbvio, intensificar sentidos. No meu cotidiano, isso vem sempre do espanto tanto com o banal quanto com o extraordinário.
“a poesia é um tipo de loucura qualquer. É uma linguagem que te pira um pouco, que meio te tira do eixo.” (Ana Cristina Cesar)
“a poesia é um tipo de loucura qualquer. É uma linguagem que te pira um pouco, que meio te tira do eixo.” (Ana Cristina Cesar)
1 comment:
"Ritual" é um belo texto. "Roxo ou amarelo?"
belo mesmo.
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