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POEMAS
Beppo Now
desde Egdar Allan Poe
The Philosophy of Composition (1846)
— queremos explicações
——— demais — talvez porque
o poema
, não esteja entre nós
— a não ser como farsa ———
suturas, ataduras
, remendos
— medula, não
pré-
texto ————— nenhuma Glaukopis
Athena
a nos
vigiar ——
não — isto não
é a poesia —— nenhuma Glaukopis
a nos
vigiar
poesia,
— hamburger de miragem —
os super-heróis
$n "x (x Î n « j (x))
‘todos os cretenses são mentirosos’ —————— Epimênedes de Creta
(século IV a.C.)
nenhuma língua
nos
liga ———— ‘the Muse learns to write’,
a Musa
aprende
a escrever ———— para cada poeta,
uma escrita
—— para cada
poeta ———————————————— o poema
de
Gödel
De “Épater le Noir”
..........................................................SATOR
..........................................................AREPO
..........................................................TENET..........................................................OPERA..........................................................ROTAS
Ogum
semeador
Ogun alakaiye
Ogun agbeja fun ení ti o yá owo
Ogum aliado daquele que tem a mão rápida
que
disseca
a
palavra
(tendão-asfixia:
despele
nervo
gordura
)
[ perfuratriz
contra o
óbvio ] : arado-tripálio
carcicoma-
espátula
Ògún alada méjì
Ogum dos dois facões
um que
prepara a horta
outro que
abre os caminhos
BIO/BIBLIOGRAFIA
Delmo Montenegro (Recife-PE, 1974) é poeta, ensaísta e tradutor. Publicou os livros de poesia Os Jogadores de Cartas (2003) e Ciao Cadáver (2005). Organizou, em parceria com Pietro Wagner, a antologia Invenção Recife. É um dos editores (em conjunto com os escritores Fabiano Calixto, Marcelino Freire, Micheliny Verunschk e Raimundo Carrero) da revista literária Entretanto. Prepara atualmente dois novos livros de poemas: Épater le Noir e Velvet Apalache (ambos previstos para 2008). Contato: rimbaudgraphis@uol.com.br
POÉTICA
(Trecho de entrevista concedida a Carlos Augusto Lima)
Elementos visuais, grafismos, ideogramas, símbolos, arcaísmos, trânsito verbal, sonoro. O que mais cabe nos seus poemas? O que eles não suportam?
Trabalho sempre no limite da linguagem, testando novas configurações expressivas, novos designs para o pensamento. O que busco é a tensão constante. É preciso aprender e depois jogar tudo fora. Jamais acomodar-se, reinventar-se constantemente. Cada livro que produzo é o resultado deste esforço. No primeiro (Os Jogadores de Cartas, de 2003) pensamos num livro-atlas, que armasse um diálogo entre a Ilíada de Homero e Um Lance de Dados de Mallarmé. Os versos explodiam pela página. No segundo (Ciao Cadáver, de 2005) pensamos num livro-esquife, que trabalhasse mixando as invenções vocabulares de e.e. cummings com a “angústia fraturada” dos poemas “da fase da loucura” de Hölderlin e dos poemas terminais de Paul Celan. Em vez de uma explosão tipográfica pela página, um corte sádico, um corte cirúrgico nas sombras da palavra. A palavra-cadáver, a palavra-verso, vísceras expostas. Não à toa muitos enxergaram nesse livro a imagem especular pós-moderna de um Augusto dos Anjos redivivo (da mesma forma que aconteceu com a jovem poeta Micheliny Verunschk, no seu Geografia Íntima do Deserto, que foi comparada a João Cabral de Melo Neto sob um viés feminista). Tudo o que a minha aventura com a linguagem não suporta – o medo do diverso, do risco, do novo. Não faço literatura para seres covardes, acomodados. Busco sim o leitor em expansão, o leitor-criador, o demiurgo, o agente faústico. Minha literatura não faz concessões a idiotia das massas. Eu quero o leitor inteligente.
Você se apropria de elementos das vanguardas, mas, de certa forma, você aproveita para ironizar a própria idéia de vanguarda. Como se você as consumisse, levando-as ao excesso. Parece devorar-se a si. É esse o jogo e o risco?
Reduzir minha literatura a sua filiação ou não aos movimentos de vanguarda é querer encapsulá-la num jogo colonialista superficial. As vanguardas, enquanto propostas ideológico-políticas, já se esgotaram há muito tempo. Só podemos retomá-las pelo viés crítico, pelo viés irônico, arrancando-lhe as máscaras. No limite extremo, há um sentido épico e religioso no Nazismo que o aproxima do conceito de Obra de Arte Total do Teatro de Bayreuth. E isto é terrível. Terrível, porque profundamente verdadeiro. Porém só quem vivenciou esta angústia pode fazer a crítica da cultura dos postulados dominantes da arte do século XX. As metáforas militares, as metáforas de poder, sempre permearam os instrumentos eurocêntricos de estudo e dissecação da língua – verbo, sintaxe, regência, etc, todas são expressões de origem militar – o próprio termo página, do latim pagus, carrega essa idéia de territorialidade, de espaço de posse, de espaço de luta. O local da página sempre visto como um local de combate. A própria idéia de uma literatura de infantaria, de avant-garde, nada mais é do que a radicalização explícita desses movimentos de autoridade. Minha literatura aposta na diversidade, no outro, na polissemia dos sentidos, no extravasamento das normas. Não há pontos de fuga ou uma teleologia de fundo místico onde escoro as minhas verdades. Todas as minhas verdades são transitórias. Não aposto numa ideologia da História. Diante de Heráclito, cai o edifício do poema cósmico de Parmênides.
1 comment:
Gosto muito da poesia de Delmo Montenegro, uma das vozes mais inventivas de nossa poesia mais recente.
Claudio Daniel
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