Thursday, November 02, 2006

ANDRÉA CATROPA


mencionada por:Fabiano Calixto


menciona a:(seguindo a linha de “quem não vi no blog”):
Afonso Henriques Neto
Ana Rüsche
Celso Borges
Eduardo Lacerda
Elisa Andrade BuzzoLilian Aquino
Lúcia Santos





poemas:

o sem-nome
vermelho-laca com grandes brasas por detrás dos olhos,
os cães ouviram o assobio,
o homem ouviu – lhe disseram é o que anda sem os pés,
o que se esgueira por entre as copas de árvore e não
é cobra
– e virá

encarnado é texto, oração, pensamento,

desencarnado é sangue, suor, frio na espinha, a ameaça
da terra, o chão.
sob as ondas

vamos a um lago
ou cachoeira imaginária
um pouco de torpor é preciso
talvez lá
nos espere um outro reflexo
estranho como deve ser o rosto
de um afogado









musa

fantasma do texto boca da palavra sexo de mulher que fala
serpente que engole a própria cauda
e no branco espalha o gozo
lágrima da tara







Pequena bio: Nasci em São Paulo, em 1974. Estou concluindo Mestrado em Teoria Literária. Edito o jornal de literatura contemporânea O Casulo. Os poemas enviados pertencem ao livro inédito Linha d´água.



Poética: Propor uma poética é quase tão complicado quanto não propor. Quase. A polifonia que nos leva à beira da surdez pode induzir ao silêncio por desorientação, ou por amor à higiene sonora. Fiquemos com esta última. Mas não seria isto consentir com o calar? Entremos no coro, então. Nem que seja para desafinar. A poesia é o que não deveria ser. Mas é. Sem que isso signifique comprazer-se com a gratuidade. A poesia é tradição e revolta, Eros e Thanatos, Dioniso e Apolo. E por isso, onde o homem é, ela precisa ser.

4 comments:

Anonymous said...

Andréa Catrópa é uma das vozes poéticas mais originais e consistentes da novíssima geração. Gosto muito de sua poesia.

Claudio Daniel

Anonymous said...

"...entremos no coro então. Nem que seja para desafinar..." That's it!

Anonymous said...

O poros, narinas a procura, engenhosos quereres, tramado sempre um translado. o dar à luz, sombra a poesia e a sua beleza, nossa, ato divino, porque toda fecundidade-olhar, faz eu tocar estes digitos, parir quase sonambulo de um olhar - direto.

Lucas Nicolato said...

Belos poemas. Parabéns.