Wednesday, November 22, 2006

LUÍZA MENDES FURIA



mencionada por:Angélica Freitas

menciona a:
(praticamente todos já indicados, fazer o quê? por ordem alfabética e sofrendo por ser injusta com muitos outros que também já estão neste blog):
Angélica Freitas
Carlos Machado
Donizete Galvão
Eunice Arruda
Ruy Proença
(os quais tive a felicidade de conhecer pessoalmente, e )
Claudia Roquette-Pinto

poemas:


SCHERZO

Num dia leve assim
é o pássaro que em mim baila
seu allegro, scherzando
celebrando a infinitude azul

Mas quando tudo se adensa
é a fera lenta que rasteja
as notas solitárias de um violoncelo
fremindo as guelras do silêncio.

***

VERÃO

Às vezes
é assim a manhã:
bolha de Tempo
que explode
incandescente.

Dói e queima
o dia todo.

O corpo
só se acalma
quando adere à pele
o cataplasma translúcido da noite.
(de Inventário da Solidão, ed. Giordano, 1998)

***
Enquanto o desespero
reverbera a dor
nas ondas do silêncio

no marulhar do vento
a noite vai e vem
regurgitando gritos
redondos e obesos
fora do tom.

Um bicho com medo
o coração.
Mas, no tambor das horas,
o susto da canção.
(de Incisões no Branco, livro inédito)

***
Breve biografia: Luíza Mendes Furia nasceu em 21 de novembro de 1961 em Caçapava (SP). Em 1978 publicou Madrugada e Outros Poemas e em 1999 lançou Inventário da Solidão (Ed. Giordano). Tem poemas em antologias e suplementos literários do Brasil e de Portugal e alguns livros ainda na gaveta, como o Incisões no Branco, ao qual pertence um dos poemas acima. Um comentário sobre seu trabalho consta do Dicionário Crítico de Escritoras Brasileiras, de Nelly Novaes Coelho (Escrituras, 2002). Tem um site (
http://br.geocities.yahoo.com/malufuria) e um blog (http://litera-mundi.blogspot.com). Seus poemas estão também nos sites www.germinaliteratura.com.br/erot_mai06_lmf.htm, www.algumapoesia.com.br/poesia2/poesianet168.htm e em alguns blogs. Radicada há 26 anos em São Paulo, é jornalista e tradutora. Atualmente, negocia a publicação de seu livro infantil O Escocês Que Tinha um Jardim de Poemas e de uma fotobiografia de Hilda Hilst.

***
Uma póetica: poesia é a mátria. E também uma religião. Uma forma, talvez, de encantar a morte. Não há como não responder a isso com um poema: “Escrever, talvez,/ para si mesmo/ para compreender os mistérios/ que em cada ser se acorrentam/ elo por elo// poço sem fundo/ poço sedento// talvez para o vento/ agradecendo a música// para que a morte/ seja mais intensa/ e menos dura// para não morrer/ feito uma pedra escura.” (Explicação, de Inventário da Solidão)

***

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