mencionado por:
Claudia Roquette-Pinto
menciona a:
Daniel Bueno Guimarães
Fabricio Corsaletti
Leonardo Fróes
Luiza Leite
Sergio Cohn
poemas:
13
no primeiro dia, o moleque sonhou
que eu morria afogado
quem sabe enforcado na árvore
sonhou o moleque que eu morria
no primeiro dia, ele sonhou
e fiquei pensando talvez
fosse bom apodrecer assim
entre os cipós de carne
dormentes sob as águas
apodrecer bom seria
indiscernível entre os troncos
amputados na enxurrada
mitológica
coração não queima
anti-fogo lançado
nas chamas permanece
como cristal de carne
deixando ao redor
um mar de brasas
alimento seu
entre as cinzas
segue pulsando
até que o tomem
e o arremessem
para longe
onde acabará
por germinar
uma montanha
buscapé
você pergunta
em copacabana:
“e a pólvora,
de que é feita?”
a pólvora, ora
de que é feita
a pólvora?
estes fogos
em seus olhos
eu queria engolir
essas faíscas
eu queria te dar
uma resposta aberta
em fogo no céu
eu queria dizer:
“você fez a pólvora
com um beijo.”
bio/biblio
Pedro de Niemeyer Cesarino nasceu em São Paulo em 1977. Formou-se em Filosofia pela USP. Está atualmente terminando um doutorado no Museu Nacional (UFRJ) sobre a poética e a cosmologia dos Marubo, povo indígena da Amazônia ocidental. Junto com Sergio Cohn, editou os três últimos números da revista Azougue. Tem artigos publicados em revistas especializadas em Antropologia, e uma coletânea de poesias (Oceanos, Azougue Editorial, 2002).
Claudia Roquette-Pinto
menciona a:
Daniel Bueno Guimarães
Fabricio Corsaletti
Leonardo Fróes
Luiza Leite
Sergio Cohn
poemas:
13
no primeiro dia, o moleque sonhou
que eu morria afogado
quem sabe enforcado na árvore
sonhou o moleque que eu morria
no primeiro dia, ele sonhou
e fiquei pensando talvez
fosse bom apodrecer assim
entre os cipós de carne
dormentes sob as águas
apodrecer bom seria
indiscernível entre os troncos
amputados na enxurrada
mitológica
coração não queima
anti-fogo lançado
nas chamas permanece
como cristal de carne
deixando ao redor
um mar de brasas
alimento seu
entre as cinzas
segue pulsando
até que o tomem
e o arremessem
para longe
onde acabará
por germinar
uma montanha
buscapé
você pergunta
em copacabana:
“e a pólvora,
de que é feita?”
a pólvora, ora
de que é feita
a pólvora?
estes fogos
em seus olhos
eu queria engolir
essas faíscas
eu queria te dar
uma resposta aberta
em fogo no céu
eu queria dizer:
“você fez a pólvora
com um beijo.”
bio/biblio
Pedro de Niemeyer Cesarino nasceu em São Paulo em 1977. Formou-se em Filosofia pela USP. Está atualmente terminando um doutorado no Museu Nacional (UFRJ) sobre a poética e a cosmologia dos Marubo, povo indígena da Amazônia ocidental. Junto com Sergio Cohn, editou os três últimos números da revista Azougue. Tem artigos publicados em revistas especializadas em Antropologia, e uma coletânea de poesias (Oceanos, Azougue Editorial, 2002).
3 comments:
estes fogos em seus olhos eu quero engolir essas faíscas...
cristal de carne
coração
Olá Pedro,
estou editando um documentário sobre a Amazônia, para o qual vc concedeu uma entrevista. Sua entrevista me chamou atenção pois, me parece, que seu trabalho em antropologia está focado na pesquisa de novas formas poéticas entre a cultura dos Marubo. Sem comparações triviais e questão de valores. Muito interessante perceber que seu trabalho poético talvez traga reflexos desta pesquisa. Pelo menos, me ajudou a refletir mais sobre sua entrevista e me trouxe inspirações para o meu trabalho de edição. Vc teria indicação de mais trabalhos, seus ou de outros, que tragam novas investigações poéticas como a sua (quem sabe sobre a cultura dos índios Yanomami)? Gostaria de conseguir imprimir sintaxes diferentes ao meu trabalho de montagem para este filme e estou pesquisando neste sentido. Se lembrar de algo... Obrigada,
Renata
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