Wednesday, August 30, 2006

CARLOS AUGUSTO LIMA


foto: Eduardo Jorge

mencionado por:

Manoel Ricardo de Lima
Heitor Ferraz
Franklin Alves Dassie
Eduardo Jorge
Júlio Lira

menciona a:

Heitor Ferraz Mello
Eduardo Jorge Oliveira
Diego VinhasRicardo Corona
Paula Glenadel
Tarso de Melo


poemas:


são cavalos e nuvens. pois lhe agradam

as criaturas submarinas, uma sala,

doze por qualquer, qualquer coisa, espaço e risco.

discretos, guardando para si a palavra

marisco pedregulho cachalote.

uma canção de favor.

o tempo ali é arejado e dócil.

viver é remover o mundo submarino.

a busca estúpida. cavar e cavar e cavar.

não viveríam debaixo do gelo ou coberta.

nem de dropado céu, nem noite.

mas planejam deixar o mundo. o cinema

que nunca viram. nunca provaram.

esses gases. há um céu para eles?

a sala. nuvem e bolhas. algo

dissolve. o oceano longe. o oceano.



* * *


hoje não é um dia comum.

não como hoje. meia-noite. midday.

nem cabe aqui por um instante.

porta que abre, porta que fecha.

um dia. um fim, como todas as

coisas necessitam. do giro mágico

mastigando ferro, assoalho, tamancos

de outra forma um dia comum.

um fim, como todas as coisas devem ter.

e agora Rodrigo me conta que

vai passar alguns meses em NY.

penso quem é mais feliz. se ele.

se eu. se alguém que habita o alto

daquele prédio numa solidão desenfreada.

penso em Rodrigo. a felicidade em

riste, em guarda. e tudo se alterna

entre os que estacionam no primeiro,

no segundo subsolo. num dia assim

a cápsula de raios gama explode.

corro para salvar os congelados

do almoço de terça. uma palavra

bonita recolhe o poema,

aquela rua.

* * *


não é lugar seguro o mar.

a praia não é segura. ontem mesmo

uma família que fazia um

piquenique foi alvejada, em gaza.

uma praia. areia crivada. o declínio

do mundo. uma estrada onde a

margem verde estampa sabor.

penso nas coisas, mas agora enfrentarei

um trânsito em busca de Eliana.

falta de tudo nesta cidade: estações,

estações, estações.

escute a tácita recusa em subir as compras.

e nós moramos num mundo bonito.

há uma pane nos elevadores. subiremos

pelas escadas e nosso esforço

como o condutor do riquixá

naquele filme bonito. a vida é um

filme bonito. pessoas alvejadas, o

mundo cai, as estações, o andar de cima,

penso nas coisas, mas agora enfrentarei

um trânsito. algum lugar.


bio/biblio





CARLOS AUGUSTO LIMA (Fortaleza, 1973) escreve alguns poemas, tem artigos publicados em revistas e jornais de vários lugares. Publicou uma pequena plaquete chamada OBJETOS (8 poemas), em 2002, tempo em que era um dos coordenadores do núcleo de literatura do Alpendre. Mas o livro não existe mais. Tem duas outras obras inéditas (Eu Me Satisfaço com a Minha Casa e o Deserto e AO REDOR O MUNDO DESCOLORE), e outras coisas por fazer. Fez mestrado em Literatura Brasileira pela UFC ( Universidade Federal do Ceará), onde defendeu dissertação sobre a poesia do CACASO. É pai de Sofia, que cresce numa paisagem onde se misturam livros, bonecas, discos, retalhos de brinquedos e uma indefinível claridade.


poética:
“Penso na poesia como um silêncio. Talvez a minha poesia como silêncio. Talvez uma briga por dentro, dela, uma impossibilidade. Ou algo que não se pode dizer. E está dito. Está sendo escrito. Um respiro. E há a maldade, um rancor, a loucura do mundo. E um respiro. Calado, doce e tenso. É desvendar a dobra do origami mais difícil. E responder com outra dobra, ainda. Então alguma beleza. E depois perder. A poesia, a minha, está em abandonar ela mesma. E silêncio.”

3 comments:

Anonymous said...

Obrigado pelo elogio, Carlos. Gostei bastante dos teus poemas também. "penso quem é mais feliz. se ele. se eu." :)

Anonymous said...

Bonitos, os poemas. Muito bonitos.

joao said...

alguém tem o blog dele?