foto: Eduardo Jorge
mencionado por:
Manoel Ricardo de Lima
Heitor Ferraz
Franklin Alves Dassie
Eduardo Jorge
Júlio Lira
menciona a:
Heitor Ferraz Mello
Eduardo Jorge Oliveira
Diego VinhasRicardo Corona
Paula Glenadel
Tarso de Melo
poemas:
são cavalos e nuvens. pois lhe agradam
as criaturas submarinas, uma sala,
doze por qualquer, qualquer coisa, espaço e risco.
discretos, guardando para si a palavra
marisco pedregulho cachalote.
uma canção de favor.
o tempo ali é arejado e dócil.
viver é remover o mundo submarino.
a busca estúpida. cavar e cavar e cavar.
não viveríam debaixo do gelo ou coberta.
nem de dropado céu, nem noite.
mas planejam deixar o mundo. o cinema
que nunca viram. nunca provaram.
esses gases. há um céu para eles?
a sala. nuvem e bolhas. algo
dissolve. o oceano longe. o oceano.
* * *
hoje não é um dia comum.
não como hoje. meia-noite. midday.
nem cabe aqui por um instante.
porta que abre, porta que fecha.
um dia. um fim, como todas as
coisas necessitam. do giro mágico
mastigando ferro, assoalho, tamancos
de outra forma um dia comum.
um fim, como todas as coisas devem ter.
e agora Rodrigo me conta que
vai passar alguns meses em NY.
penso quem é mais feliz. se ele.
se eu. se alguém que habita o alto
daquele prédio numa solidão desenfreada.
penso em Rodrigo. a felicidade em
riste, em guarda. e tudo se alterna
entre os que estacionam no primeiro,
no segundo subsolo. num dia assim
a cápsula de raios gama explode.
corro para salvar os congelados
do almoço de terça. uma palavra
bonita recolhe o poema,
aquela rua.
* * *
não é lugar seguro o mar.
a praia não é segura. ontem mesmo
uma família que fazia um
piquenique foi alvejada, em gaza.
uma praia. areia crivada. o declínio
do mundo. uma estrada onde a
margem verde estampa sabor.
penso nas coisas, mas agora enfrentarei
um trânsito em busca de Eliana.
falta de tudo nesta cidade: estações,
estações, estações.
escute a tácita recusa em subir as compras.
e nós moramos num mundo bonito.
há uma pane nos elevadores. subiremos
pelas escadas e nosso esforço
como o condutor do riquixá
naquele filme bonito. a vida é um
filme bonito. pessoas alvejadas, o
mundo cai, as estações, o andar de cima,
penso nas coisas, mas agora enfrentarei
um trânsito. algum lugar.
bio/biblio
CARLOS AUGUSTO LIMA (Fortaleza, 1973) escreve alguns poemas, tem artigos publicados em revistas e jornais de vários lugares. Publicou uma pequena plaquete chamada OBJETOS (8 poemas), em 2002, tempo em que era um dos coordenadores do núcleo de literatura do Alpendre. Mas o livro não existe mais. Tem duas outras obras inéditas (Eu Me Satisfaço com a Minha Casa e o Deserto e AO REDOR O MUNDO DESCOLORE), e outras coisas por fazer. Fez mestrado em Literatura Brasileira pela UFC ( Universidade Federal do Ceará), onde defendeu dissertação sobre a poesia do CACASO. É pai de Sofia, que cresce numa paisagem onde se misturam livros, bonecas, discos, retalhos de brinquedos e uma indefinível claridade.
poética:
“Penso na poesia como um silêncio. Talvez a minha poesia como silêncio. Talvez uma briga por dentro, dela, uma impossibilidade. Ou algo que não se pode dizer. E está dito. Está sendo escrito. Um respiro. E há a maldade, um rancor, a loucura do mundo. E um respiro. Calado, doce e tenso. É desvendar a dobra do origami mais difícil. E responder com outra dobra, ainda. Então alguma beleza. E depois perder. A poesia, a minha, está em abandonar ela mesma. E silêncio.”
3 comments:
Obrigado pelo elogio, Carlos. Gostei bastante dos teus poemas também. "penso quem é mais feliz. se ele. se eu." :)
Bonitos, os poemas. Muito bonitos.
alguém tem o blog dele?
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