mencionado por:
Armando Freitas Filho
Donizete Galvão
menciona a:
Marcelo Diniz
Donizete Galvão
Túlio Villaça
Diego Vinhas
Lígia Dabul
Poemas inéditos do próximo livro, Ao Léu:
i.
Meu espelho-labirinto.
Cravo os olhos para vê-la
no mistério do quarto.
Nenhum rato, silêncio.
É no que se dobra em ruga
ao se olhar o infinito
que se dobra para eu vê-lo
pois meu olhar embora
selvagem, é ínfimo
no infinito das pétalas
que o contém, afinal,
no convés do navio
o que se olha é através
do mar, através das
borbulhas de sangue
com o que já perdeu:
metade de mim é
o acaso das palavras
que volta e meia
pingam da mão
analfabeta, de abusar
da fama e se impor
aos pais – Filho
que à terra desce.
ii
1.Venéreo
Nada resulta
em seu
nome
:morada dos
deuses:
Da morte?
Que a vida destrua
primeiro.
2.Brancas
nuvens
novo destino
sorri
a cada bouquet
da manhã
(...)
domando a própria
alma
dizendo adeus.
iii
A miséria começa em casa,
com seus filhos, a lamúria cega mas certa
de seu pai, o tiroteio marca os valentes
o vento caudaloso nos adoça, é podre, talvez
áspero, saber que alguém veio aqui;
bato palmas, você não sabe o que escreve,
pensa que a imaginação decifra a dor
mas ela não decifra; você, que nem devia
ter pensado, agora é assim:
poetas sobem o morro, fazem suas pesquisas
acham que a vida rude lhes inspira
como nos cardápios escritos com giz,
ou pombos que mastigam num despacho
um pedaço de galinha (tudo é canibal
faz parte da cultura, é matinal
sangrar na latrina, enquanto
do alto dos edifícios, ao som
do baile quente, ainda se decide
ao pé de uma fogueira
o preço de uma vida).
bio/biblio
André Luiz Pinto nasceu em 1975, bairro de Vila Isabel, no Rio de Janeiro. Formou-se em Enfermagem e Obstetrícia pela faculdade de Enfermagem Alfredo Pinto, Uni-Rio, chegando a exercer a profissão por três anos. Anos mais tarde, graduou-se em Filosofia, bacharelado e licenciatura pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, UERJ, cursando atualmente o mestrado em Filosofia pela mesma universidade, tendo como área de pesquisa, filosofia da ciência e teoria do conhecimento, na qual desenvolve dissertação sobre a obra de Emmanuel Lévinas no que diz respeito ao papel da sensibilidade enquanto ponto de ruptura da ontologia fenomenológica e reafirmação da metafísica. Publica poemas e ensaios há quase dez anos em revistas especializadas e jornais de grande circulação, tais como o JB e a Folha de São Paulo. Edita, com Eduardo Guerreiro, desde 2000, a revista .doc, integrada, desde 2003, ao programa de pós-graduação de Ciência da literatura da UFRJ. Publicou até o momento três livros: Flor à margem, 1999, edição independente, Rio de Janeiro, Primeiro de abril, 2004, Editora Hedra Ltda, São Paulo e ISTO, Espectro Editorial, Belo Horizonte, 2005, estando em prelo seu próximo livro, Ao Léu.
poética:
Só espero que toda delicatesse não abandone a existência de lado.i.
Meu espelho-labirinto.
Cravo os olhos para vê-la
no mistério do quarto.
Nenhum rato, silêncio.
É no que se dobra em ruga
ao se olhar o infinito
que se dobra para eu vê-lo
pois meu olhar embora
selvagem, é ínfimo
no infinito das pétalas
que o contém, afinal,
no convés do navio
o que se olha é através
do mar, através das
borbulhas de sangue
com o que já perdeu:
metade de mim é
o acaso das palavras
que volta e meia
pingam da mão
analfabeta, de abusar
da fama e se impor
aos pais – Filho
que à terra desce.
ii
1.Venéreo
Nada resulta
em seu
nome
:morada dos
deuses:
Da morte?
Que a vida destrua
primeiro.
2.Brancas
nuvens
novo destino
sorri
a cada bouquet
da manhã
(...)
domando a própria
alma
dizendo adeus.
iii
A miséria começa em casa,
com seus filhos, a lamúria cega mas certa
de seu pai, o tiroteio marca os valentes
o vento caudaloso nos adoça, é podre, talvez
áspero, saber que alguém veio aqui;
bato palmas, você não sabe o que escreve,
pensa que a imaginação decifra a dor
mas ela não decifra; você, que nem devia
ter pensado, agora é assim:
poetas sobem o morro, fazem suas pesquisas
acham que a vida rude lhes inspira
como nos cardápios escritos com giz,
ou pombos que mastigam num despacho
um pedaço de galinha (tudo é canibal
faz parte da cultura, é matinal
sangrar na latrina, enquanto
do alto dos edifícios, ao som
do baile quente, ainda se decide
ao pé de uma fogueira
o preço de uma vida).
bio/biblio
André Luiz Pinto nasceu em 1975, bairro de Vila Isabel, no Rio de Janeiro. Formou-se em Enfermagem e Obstetrícia pela faculdade de Enfermagem Alfredo Pinto, Uni-Rio, chegando a exercer a profissão por três anos. Anos mais tarde, graduou-se em Filosofia, bacharelado e licenciatura pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, UERJ, cursando atualmente o mestrado em Filosofia pela mesma universidade, tendo como área de pesquisa, filosofia da ciência e teoria do conhecimento, na qual desenvolve dissertação sobre a obra de Emmanuel Lévinas no que diz respeito ao papel da sensibilidade enquanto ponto de ruptura da ontologia fenomenológica e reafirmação da metafísica. Publica poemas e ensaios há quase dez anos em revistas especializadas e jornais de grande circulação, tais como o JB e a Folha de São Paulo. Edita, com Eduardo Guerreiro, desde 2000, a revista .doc, integrada, desde 2003, ao programa de pós-graduação de Ciência da literatura da UFRJ. Publicou até o momento três livros: Flor à margem, 1999, edição independente, Rio de Janeiro, Primeiro de abril, 2004, Editora Hedra Ltda, São Paulo e ISTO, Espectro Editorial, Belo Horizonte, 2005, estando em prelo seu próximo livro, Ao Léu.
poética:
2 comments:
thax pela lembrança, andré. teus poemas novos seguem com o punch de sempre: delicadeza, aspereza e uma costura muito própria. gostei muito.
Gostei do "a imaginação não decifra a dor", ou equivalente, que nos ensina a não crer tanto na poesia. Notei também uma preferência pela parataxe em seu poema. Engano?
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