LU MENEZES
foto: Cildo Meireles
menciona a:
Carlos Tamm
Italo Moriconi
João Moura Jr.
Jorge Henrique Bastos
Paulo Henriques BrittoVivien Kogut
Adolfo Montejo Navas
foto: Cildo Meireles
menciona a:
Carlos Tamm
Italo Moriconi
João Moura Jr.
Jorge Henrique Bastos
Paulo Henriques BrittoVivien Kogut
Adolfo Montejo Navas
mencionada por:
Sérgio Alcides
Jorge Lucio de Campos
Francisco Alvim
poemas:
TSUNAMI E VIZINHANÇA
Então, a mulher e a criança
seguiram uma serpente que nadou para terra firme
e conseguiram se salvar.
― A mulher
era só certa vizinha a quem, antes de morrer, a mãe
confiara a criança.
A serpente
terá sido, de repente, uma espécie de vizinha também.
― Vizinha de outra espécie.
MOLDE PARA SILÊNCIO
À beira da piscina vazia
posicionadas de certo modo
três cadeiras brancas vazias
de certo modo se entreouvem
se entrefalam e entressilenciam.
SOPRANDO UM BURANO
― Olha, meu filho, de tão preocupada, preferi não ir a Murano: ao invés
de ver soprarem vidro, sopraria eu mesma o meu próprio
e distante Burano... Distraiu-me a Olympus
posta na mala por teu pai à revelia da minha não-
fotografia. Sol escondido,Veneza
emburkada como na tarde em que cheguei, nublada pós-
conexão em C.D.G. pós-fascista, resmungando antiturística que
Visconti era melhor – a Arte seria sempre
melhor – enquanto o vaporettorumo ao Lido avançava...
Desta vez, todavia, ele de lá
se afastava... só se via
água e mais
água quando
ante oscura extensão
perguntei à vizinha, em cuja oscura fisionomia
todo o mormaço ancorara: ― Será um campo de mexilhões ou não
é nada? Bem frente ao Nada (notena foto aí) estive até surgir
um barco de médio porte
negro e laranja tal
gigantesco
mexilhão,
meu mexilhão.
Logo, Burano à vista – veja – multicolor
vencendo a névoa apareceu como o real dissoluto com seus
processos de revelação ininterruptos.
Comi os mais frescos frutos do mar do mundo –
cadeira tão à beira do canaletto que um vinho extra –
hás de convir – me afogaria. (Lê-se na placa dessa ruela, aliás,
“Fondamenta dei Assessini”.) Comprei um piano
de renda um pavão
de renda uma paisagem
com ondas, gôndolas,
casas e ruas de renda nas quais
minha fuga de mim
prosseguiu. Mesmo assim,
voltei antes, ameaçada
por chuva que não chegou a cair.
bio/biblio
Lu Menezes (São Luís) mora no Rio. Publicou O amor é tão esguio (ed.da autora 1979/80) e – Abre-te, rosebud! (Sette Letras, 1996). Publicará em breve Onde no mundo – propiciado pela Bolsa VITAE de Literatura. Fez doutorado em Literatura Comparada, com tese inédita sobre o tratamento da cor nas poesias de João Cabral e Wallace Stevens. Trabalha nas áreas de pesquisa e tradução.
"Arte poiética: vida literal antes de vida literária." Lu Menezes
8 comments:
Muito bons os poemas de Lu Menezes. "Soprando o Burano" prova que se pode fazer poesia de linguagem trabalhada sem ser fria, oca, como se vê por hoje. Gostei muito mesmo. Virei fã.
Oi, Lu! Lindos poemas... Que bom que vc gostou de "Sobre um poema".
Um beijo,
Sérgio.
Estou muito feliz e surpreso com seus novos poemas. Obrigado pela aula particular de poesia nada gratuita que vc me deu. Um beijo pra ti!
Querida tia Lu,
Como é difícil definir em palavras o que nos dizem as suas.
beijo imenso
Clarisse (Tarran)
delícia de reencontrar poema de lu menezes depois de tantos anos atrás ter lido abre-te rosebud
Lu:
Não sei se você se lembra de mim. Fiz uma monografia sobre Abre-te Rosebud! há alguns anos atrás. Precisava muito falar contigo!
Beijo:
angelamontez@yahoo.com.br
Lu. Gostaria de falar com você
Grande Blog. Grande idéia
http://franciscoorban.blogspot.com/
francisco.orb@oi.com.br
Abraço do
Francisco orban
Encantado
não era
o lugar
encantado
era eu
Francisco Orban
Lu. Estou enviando meu haicai para você.
Gostaria de fazer parte de suas escolhas afectivas
Abraço do amigo Francisco Orban
http://franciscoorban.blogspot.com/
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