Tuesday, August 29, 2006

PAULA GLENADEL



menciona a:

Marcos Siscar
Rosália Milsztajn
Heitor Ferraz
Carlos Machado
Janice Caiafa


mencionada por:

Carlos Augusto Lima
Marília Garcia
Ricardo Aleixo

Heitor Ferraz
Sérgio AlcidesMaria Esther MacielFrancisco Alvim
Masé Lemos


poemas:
Quase uma arte
grande amor tenho por seus membros
ombros pescoço braços pernas o viril
mais forte do que tudo
a mão que estendo sem cessar
parece que pede mas oferece
nada ou quase uma arte:
joga nos dados
o olho por olho
o dente por dente



Planos

algumas sementes da Austrália
prevêem o fogo
e se preparam para sobreviver
o fogo está em seus planos,
se é que os têm

ele vem abri-las para que germinem
na floresta devastada
então podem crescer sem disputar
o sol com as enormes árvores
e a terra com as grossas raízes

isto me disse alguém uma vez
era suíço
estava leibniziano

(Do livro Quase uma arte, 2005)



Verões

Rio, fevereiro: a umidade
e a chuva fundem
gente, água, terra, ar,
numa coisa só -
tudo, um mundo-esponja.

Entro (em mim):
sou de madeira inchada
estalo e empeno

e haverá outros verões.

(Do livro A vida espiralada, 1999)



bio/biblio




Paula Glenadel nasceu no Rio de Janeiro em abril de 1964. É professora e pesquisadora na Universidade Federal Fluminense. Realizou pós-doutorado sobre poesia francesa contemporânea na Université de Paris VIII em 2002.
Traduziu, entre outros: Os animais de todo mundo, de Jacques Roubaud. SP: Cosac Naify, 2006, em colaboração com Marcos Siscar; Começo, de Nathalie Quintane. SP; RJ: Cosac Naify; 7 Letras, 2004; A rosa das línguas (Antologia de poemas de Michel Deguy, traduzida e organizada, com textos de introdução, em colaboração com Marcos Siscar). SP; RJ: Cosac Naify; 7 Letras, 2004.
Publicou, além de textos críticos em livros e periódicos especializados, poemas na revista Inimigo rumor e os livros de poesia A vida espiralada. RJ: Caetés, 1999; Quase uma arte. SP; RJ: Cosac Naify; 7 Letras, 2005, este último finalista do prêmio Jabuti 2006.
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poetica
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"Atualmente, assim se mostra a poesia para mim: uma ginástica interior visando a uma liberdade maior, a uma espécie de alforria, um modo de naufragar bem, quer dizer, de naufragar bastante e alegremente, de entrar no não-saber da coisa toda, de sustentar o vício da dúvida entre perceber e conhecer, tudo isso na certeza visceral de que pensar pesa. " Paula Glenadel

2 comments:

nora said...

Paula, achei lindo o poema Verões, e a sua poética.
fora isso, vc é a tradutora de todos estes livros excelentes?
parabéns
Bjs Nora

Sergio Jones said...

Acabo de ler "Quase uma Arte" e desejo registrar que a poesia vive em mãos distantes, fluminenses, e que nos dão esse imediato prazer de estarmos perto dessa poeta imensa, sensível, competente.
Um pequeno-grande livro de poemas.