Saturday, October 07, 2006

LAURA ERBER


mencionada por
Lígia Dabul
Italo Moriconi
Diego Vinhas


menciona a
Marcos Siscar
Manoel Ricardo de Lima
Angela Melim



poemas

(inéditos)




Poema com fundo de Francesca Woodman
E os meus olhos que chegam com atraso entendem que você gostava
De estar nua e ausente
E que quando se fez de morta deve ter sido também
Pelo prazer de se ajoelhar com fungos entre as coxas
Esses cachos de seios nunca ficarão maduros?
As coisas incandescentes de repente ficam frias
Diante da escrupulosa indiferença dos teus olhos
É que os anjos são terrivelmente tenros
E sozinhos
E nunca têm pouso
Repouso
Saudade
Morte




Poema com fundo de Suzuki Harunobu
Quando as ondas brancas ficam mais altas em Tatsutayama
Ninguém mais sabe se vai conseguir fazer a travessia de noite
Se o mundo dos prazeres é o mundo das coisas flutuantes
Se estas gaivotas de riscos finos teriam lugar fora da paisagem
Estilizada
Ninguém sabe
Se os amantes
Tramam suicídio em Amijima
Ou uma viagem pra Cuba
Se pronuncio certos nomes masculinos
As ondas ficam mais altas
Em Tatsutayama
E aqui


Poema com fundo de Paul Van Ostaijen
Eu não posso colecionar os nomes dos terremotos japoneses
Eu não posso colecionar os nomes dos afluentes do Escalda
Nomes dos caçadores de diamantes
Nomes de beijos flamengos
Nomes destas tardes de chuva
Nomes de estar sem você pensando na força dos fracos no
Sangue do Tejo invadindo o inverno de outro continente.
Eu não posso, Paul,
Porque ninguém pode.
Vamos recomeçar
É uma noite de trégua e estamos nus
Eu te observo enquanto você escreve às margens do canal de onde o navio Nunca mais sairá para que os turistas entrem para sentir que em outra vida o Mar poderia ter sido uma vida inteira.
Ligo o rádio e sintonizo o seu poema com uma canção de adultério o resto De um carro de bois fora da neblina dentro da neblina onde minha Lembrança tenta se fixar
Mas não pode
Porque de repente eu desejei fixá-la demais aqui comigo no avesso de uma Foto sua, no seu silêncio, no seu silêncio tácito, Paul,
Mas ninguém pode.




bio/biblio:

Laura Erber (Rio de Janeiro, 1979) é poeta e artista visual. Publicou Insones pela editora 7 Letras em 2002. Foi artista residente no centro de arte conteporânea Le Fresnoy (França) e em 2005 bolsista da Akademie Schloss Solitude (Alemanha) onde escreveu seu segundo livro de poemas "Os corpos e os dias" (Köper un Tage) publicado pelas edições Merz-Solitude (Suttgart) com tradução para o alemão de Timo Berger. Vive e trabalha no Rio.



poética

o que é a poesia? "el poema es el único mamífero que habla" Susana Thénon

7 comments:

Anonymous said...

Laura, já tinha lido alguns poemas do seu livro na casa de um amigo. Gostei demais destes, muito legais!
abs, Heitor

Anonymous said...

muito bons, laura. muito bons. gostei demais desse pedaço de série. beijo em você. manoel.

Anonymous said...

Laura, vc mora na antologia do meu peito... Beijos, saudades, L.M.

Aníbal Cristobo said...

Leo, rapaz, desculpe cortar seu barato, mas... tou precisando falar com voce! me escreve ai, que tenho que te pedir o material pra blog e teu mail nao ta dando certo.
abs,
a-.

cmp said...

que hermoso lo que escribes, saludos desde perú

Anonymous said...

Quiet Nights of Quiet Stars
gostei do primeiro
primado
evoé

Anonymous said...

Tive o primeiro contato com sua poesia,Laura Erber, numa revista(um suplemento de moda da Folha), "Filhos de Orlon" era o poema. Adorei tanto que guardei até hoje para mim. Perfeito! Me marcou demais, agora, sempre que posso, pesquiso na internet seus poemas e trabalhos como artista.