Wednesday, October 25, 2006

SERGIO COHN


Renato Mazzini

menciona a
danilo monteiro
claudio willer
ronaldo bressane
alexandre barbosa de souza
luci collin







poemas

mnemo.

Há um resíduo de futuro
no vento, fotograma ante-
cipado, montagem de fragmentos
induzindo à cena. Como
aquela árvore se curvando com-
placente aos invisíveis pesos,
como o mormaço
predizendo chuva. Repito,
há um canto anterior
a qualquer canto, uma réstia,
um eco primeiro, como um som
que ressoa por dentro de cada
palavra, como todo gesto se
desenha e apaga, então
novamente. Há o revés,
o diáfano, o termo, beleza
posta e perdida, o desen-
cadeamente, assim
como a sede do vapor
por uma forma, assim
como tudo retorna
à imaginação
por trás da cortina
da memória.

(Horizonte de Eventos, 2002)


da visão.

desfazer o puzzle
e encontrar outro dentro:

não me interessa
o que esse pôr-do-sol
na Lagoa me oferta
com seus passantes
o horizonte amplo
e a árvore fincada
em pleno desvão
da Pedra da Gávea:

as verdadeiras questões
ainda estão para ser inventadas

(mas se o olhar perco
é asa de borboleta
pura chama congelada
o sol indo de encontro
com a água)

(O Sonhador Insone, 2006)


um contraprogama.

1
Esta montanha invade a cidade
e à sua margem penso
não no silêncio, na astúcia
e no exílio (que já foram
tentados a contento) mas
do lado de dentro
mesmo que impossível
extraviar-me no alheio

2
o alheio: não o outro
do morro ou o rosto
da rua, mas o que
ainda despercebido pulsa
e sobreviverá ao tempo
porque o fim disto
– desta cidade – não é
o de todas as coisas

(Revista Sibila, 2006)




mini-bio

Sergio Cohn nasceu em São Paulo, em 1974. É editor desde 1994 da Revista Azougue, e em 2001 criou a Azougue Editorial. É autor de “Lábio dos Afogados” (Nankin, 1999), “Horizonte de Eventos” (Azougue, 2002), e “O Sonhador Insone” (Azougue, 2006). Mora atualmente no Horto, no Rio de Janeiro, junto da Araci e do Leo.
editor@azougue.com.br



poética

Ruptura e encantamento.





3 comments:

Anonymous said...

clap, clap, clap!

Anonymous said...

caro Cohn, sua poesia brota cadencia.
seus cortes são nus em minha ritmica. leio e vejo o quanto sempre encontro poetas singulares neste saite maravilhoso.

Renato Mazzini said...

estupendo.