(Joca e 'Urso' em São José dos Ausentes, RS, carnaval 2006)
dennis radünz
fernando scheibe
simone curi
poemas
BATUQUE
depois de gil -moreno
essa é pra tocar no vídeo
essa é pra tocar nos fones
essa é pra tocar nos foles
essa é pra girar nos guizos
essa é pra girar nos frisos
essa é pra girar na fronte
essa é pra silvar na mídia
essa é pra silvar na selva
essa é pra silvar no vento
essa é pra congar nos congos
essa é pra congar nos quengos
essa é pra congar no mangue
essa é pra chorar chovendo
essa é pra chorar cruzando
essa é pra chorar cosendo
essa é pra viver vivido
essa é pra viver vingado
essa é pra viver variado
essa é pra pedir pecado
essa é pra pedir fiado
essa é pra pedir metade
essa é pra obter o todo
essa é pra obter o quase
essa é pra obter o novo
essa é pra morder o rabo
essa é pra morder a dama
essa é pra morder o dobro
essa é pra molhar a chama
essa é pra molhar o cristo
essa é pra molhar a casta
essa é pra dizer que sempre
essa é pra dizer que nada
essa é pra dizer que basta
25nov05
A ZEBRA
depois de josé paulo blake
Zebra, zebra, velha dama
Que os amantes da noite engana,
Que deus ou diabo imoral podia
Safar-te de outra vilania?
Em que deserto ou charco logo caiu
A sombra dos bichos teus?
Com que tintas tentou ela um outro?
Que não quis pôr-a-mão-no-fogo?
Que sorte & berço pôde assim
Tolher-te as fímbrias da vocação?
Quando ela já estava nascendo,
Que unhas & que narinas crescendo?
Que crinas? que riscos,
Que guerras viveu o teu sexo?
Que balbúrdia? que dança
sorveu-lhe os venenos astrais?
Quando os pastos se ouriçaram
No breu e em pântanos se acharam,
Dançou ela ao dar com o leito?
Fez-se masturbar pelo Toureiro?
Zebra, zebra, velha dama,
Que os amantes da noite engana,
Que deus ou diabo imoral tentaria
Safar-te de mais uma vilania?
6dez05
a biblioteca de papel
na biblioteca de papel
não cabem discos
nem os de aluguel
na biblioteca de papel
não cabem dados
nem os indeléveis
a menos que sejam
letras vivas mortas
prensadas nas manchas
das folhas resinosas
que as traças traçam
as lupas grassam
e os dedos dilatam
sobre uns pequenos céus
em busca do frágil chão
na biblioteca de papel
os passos não percutem
os sons são surdos mudos
os dedos saem sujos
os olhos dão em dor
e os pés farejam
enquanto mãos adormecem
e bocas rejeitam babas
sobre superfícies de folículas
ou nódoas ou ventosas ou
bocas de lobo pensantes
vegetais coisas mentais
soçobrantes sobrenadantes
sempre mais abertas
feito barquinhos emborcados
sobre as miliuma noites
nas mesas fumigadas pelo tempo
da biblioteca de papel
6dez05
bio/biblio
poemas
BATUQUE
depois de gil -moreno
essa é pra tocar no vídeo
essa é pra tocar nos fones
essa é pra tocar nos foles
essa é pra girar nos guizos
essa é pra girar nos frisos
essa é pra girar na fronte
essa é pra silvar na mídia
essa é pra silvar na selva
essa é pra silvar no vento
essa é pra congar nos congos
essa é pra congar nos quengos
essa é pra congar no mangue
essa é pra chorar chovendo
essa é pra chorar cruzando
essa é pra chorar cosendo
essa é pra viver vivido
essa é pra viver vingado
essa é pra viver variado
essa é pra pedir pecado
essa é pra pedir fiado
essa é pra pedir metade
essa é pra obter o todo
essa é pra obter o quase
essa é pra obter o novo
essa é pra morder o rabo
essa é pra morder a dama
essa é pra morder o dobro
essa é pra molhar a chama
essa é pra molhar o cristo
essa é pra molhar a casta
essa é pra dizer que sempre
essa é pra dizer que nada
essa é pra dizer que basta
25nov05
A ZEBRA
depois de josé paulo blake
Zebra, zebra, velha dama
Que os amantes da noite engana,
Que deus ou diabo imoral podia
Safar-te de outra vilania?
Em que deserto ou charco logo caiu
A sombra dos bichos teus?
Com que tintas tentou ela um outro?
Que não quis pôr-a-mão-no-fogo?
Que sorte & berço pôde assim
Tolher-te as fímbrias da vocação?
Quando ela já estava nascendo,
Que unhas & que narinas crescendo?
Que crinas? que riscos,
Que guerras viveu o teu sexo?
Que balbúrdia? que dança
sorveu-lhe os venenos astrais?
Quando os pastos se ouriçaram
No breu e em pântanos se acharam,
Dançou ela ao dar com o leito?
Fez-se masturbar pelo Toureiro?
Zebra, zebra, velha dama,
Que os amantes da noite engana,
Que deus ou diabo imoral tentaria
Safar-te de mais uma vilania?
6dez05
a biblioteca de papel
na biblioteca de papel
não cabem discos
nem os de aluguel
na biblioteca de papel
não cabem dados
nem os indeléveis
a menos que sejam
letras vivas mortas
prensadas nas manchas
das folhas resinosas
que as traças traçam
as lupas grassam
e os dedos dilatam
sobre uns pequenos céus
em busca do frágil chão
na biblioteca de papel
os passos não percutem
os sons são surdos mudos
os dedos saem sujos
os olhos dão em dor
e os pés farejam
enquanto mãos adormecem
e bocas rejeitam babas
sobre superfícies de folículas
ou nódoas ou ventosas ou
bocas de lobo pensantes
vegetais coisas mentais
soçobrantes sobrenadantes
sempre mais abertas
feito barquinhos emborcados
sobre as miliuma noites
nas mesas fumigadas pelo tempo
da biblioteca de papel
6dez05
bio/biblio
Joca Wolff nasceu em Porto Alegre em 1965 e vive em Florianópolis desde 1983. É autor de PATETA EM NOVA YORQUE (poesia, 2002); A VIAGEM COMO METÁFORA PRODUTIVA (ensaio, 1998); MÁRIO AVANCINI. POETA DA PEDRA (biografia, 1996), todos publicados pela editora Letras Contemporâneas, de Florianópolis, SC, Brasil. Traduziu COMO SE LÊ E OUTRAS INTERVENÇÕES CRÍTICAS (Argos, 2002), de Daniel Link, e AS FORMAÇÕES DO MODERNO (no prelo), de Carlos Real de Azúa.
poética
Poesia é o que todo mundo fala, em todas as línguas, ao mesmo tempo...
poética
Poesia é o que todo mundo fala, em todas as línguas, ao mesmo tempo...
1 comment:
ecoar, arremeçar entre palavras - lavradas
sentado em polo - escrevinhador
vem e fisga as escolhas.
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