mencionado por:
Carlos Augusto Lima
Carlos Augusto Lima
Kleber Mantovani
menciona a:Eduardo Sterzi
Fabio Weintraub
Kleber Mantovani
Pádua Fernandes
Paulo Ferraz
Reynaldo Damazio
Ruy Proença
Sérgio Alcides
poemas
do livro inédito “Lugar algum”
Fila
o de calça azul cansou: a fila andou um pouco;
depois foi a de saia (florindo em negativo) que
enganou a espera e os gritos da menina (azuis
contra o azul) que levaram sua mãe para longe;
os pneus avançam alguns graus; guias, degraus,
postes, portões, em ordem, aguardam pacientes;
brisas se sucedem obedecendo a alguma lei
secreta, a mesma que parece ditar ao sol
quais raios lançar a cada vez; mecânicas,
as horas trocam de posto no imenso relógio,
casas cercam as ruas, nuvem põem sombras
– mais um passo, outro passo a menos
Objetos (1)
ela, mais que polida, sem saber ainda guarda
a entrada: não sabe também do que se passa
dali para dentro, dali para fora, na avenida
e no resto da cidade, mas guarda a entrada
ainda, ainda que não saiba o que encerra
(quem a abre e passa também não sabe dela,
de que ela não sabe das coisas que se passam
: sequer a considera) – vai um dia, outro,
depois outro, vinte e quatro horas idênticas
a cada idêntico dia, dividindo dois vazios
– falso ouro, falso vidro, falsa madeira:
tudo o que insinua vir de outro continente,
mais antigo, supino gosto, luxo em bloco
(alegoria fora de época), contorna ainda mais
o mergulho inevitável no abismo da falta
Objetos (2)
a meio andar, sempre, para que reste, sempre,
alguma escada a vencer quando (à caça de
livros) é a nossa vez – os mecanismos à mostra
que nos amedrontam numa primeira viagem
aos poucos se tornam confiáveis (se duraram
tanto tempo – décadas, um século talvez –,
têm que resistir até o terceiro pavimento);
quieto, o operador – fábrica de suor subindo
e descendo a aorta do prédio, Sísifo a salário
mínimo, peça-chave incorporando a função,
os limites, o ritmo (e já incorporado à cor)
da máquina – descansa enquanto a cabine
trêmula reescreve incansável sua única frase
BIO/BIBLIO
Nascido em Santo André (SP) em 1976, reside em São Bernardo do Campo. É autor dos livros de poesia A lapso (Alpharrabio, 1999), Carbono (Alpharrabio/Nankin, 2002), Planos de fuga (CosacNaify, 2005) e Lugar algum (escrito com apoio da Bolsa Vitae de Artes, 2005, ainda inédito). Editou a revista Monturo e, com Eduardo Sterzi, a Cacto. Faz parte atualmente do comitê editorial de K – Jornal de Crítica. Coordena o núcleo de leitura de poesia contemporânea Observatório do poema, na livraria Alpharrabio, em Santo André. É advogado, formado pela Faculdade de Direito de São Bernardo do Campo, e cursa mestrado em Filosofia do Direito na Universidade de São Paulo.
POÉTICA
O que é, para mim, poesia? Inicialmente, parece ser um objeto que se diverte em fugir de definições. Às vezes, um pouco de calma. Ou a visita que não vem, outras vezes. A explicação certeira, noutras ainda. O motor da confusão, quase sempre: apenas uma palavra atrás da outra para despistar quem as segue.
menciona a:Eduardo Sterzi
Fabio Weintraub
Kleber Mantovani
Pádua Fernandes
Paulo Ferraz
Reynaldo Damazio
Ruy Proença
Sérgio Alcides
poemas
do livro inédito “Lugar algum”
Fila
o de calça azul cansou: a fila andou um pouco;
depois foi a de saia (florindo em negativo) que
enganou a espera e os gritos da menina (azuis
contra o azul) que levaram sua mãe para longe;
os pneus avançam alguns graus; guias, degraus,
postes, portões, em ordem, aguardam pacientes;
brisas se sucedem obedecendo a alguma lei
secreta, a mesma que parece ditar ao sol
quais raios lançar a cada vez; mecânicas,
as horas trocam de posto no imenso relógio,
casas cercam as ruas, nuvem põem sombras
– mais um passo, outro passo a menos
Objetos (1)
ela, mais que polida, sem saber ainda guarda
a entrada: não sabe também do que se passa
dali para dentro, dali para fora, na avenida
e no resto da cidade, mas guarda a entrada
ainda, ainda que não saiba o que encerra
(quem a abre e passa também não sabe dela,
de que ela não sabe das coisas que se passam
: sequer a considera) – vai um dia, outro,
depois outro, vinte e quatro horas idênticas
a cada idêntico dia, dividindo dois vazios
– falso ouro, falso vidro, falsa madeira:
tudo o que insinua vir de outro continente,
mais antigo, supino gosto, luxo em bloco
(alegoria fora de época), contorna ainda mais
o mergulho inevitável no abismo da falta
Objetos (2)
a meio andar, sempre, para que reste, sempre,
alguma escada a vencer quando (à caça de
livros) é a nossa vez – os mecanismos à mostra
que nos amedrontam numa primeira viagem
aos poucos se tornam confiáveis (se duraram
tanto tempo – décadas, um século talvez –,
têm que resistir até o terceiro pavimento);
quieto, o operador – fábrica de suor subindo
e descendo a aorta do prédio, Sísifo a salário
mínimo, peça-chave incorporando a função,
os limites, o ritmo (e já incorporado à cor)
da máquina – descansa enquanto a cabine
trêmula reescreve incansável sua única frase
BIO/BIBLIO
Nascido em Santo André (SP) em 1976, reside em São Bernardo do Campo. É autor dos livros de poesia A lapso (Alpharrabio, 1999), Carbono (Alpharrabio/Nankin, 2002), Planos de fuga (CosacNaify, 2005) e Lugar algum (escrito com apoio da Bolsa Vitae de Artes, 2005, ainda inédito). Editou a revista Monturo e, com Eduardo Sterzi, a Cacto. Faz parte atualmente do comitê editorial de K – Jornal de Crítica. Coordena o núcleo de leitura de poesia contemporânea Observatório do poema, na livraria Alpharrabio, em Santo André. É advogado, formado pela Faculdade de Direito de São Bernardo do Campo, e cursa mestrado em Filosofia do Direito na Universidade de São Paulo.
POÉTICA
O que é, para mim, poesia? Inicialmente, parece ser um objeto que se diverte em fugir de definições. Às vezes, um pouco de calma. Ou a visita que não vem, outras vezes. A explicação certeira, noutras ainda. O motor da confusão, quase sempre: apenas uma palavra atrás da outra para despistar quem as segue.
3 comments:
Caro Tarso: un placer leerte.
Hace un par de años traduje tímidamente poemas de "Carbono" para la revista en la que trabajaba, a instancias de Reynaldo Damazio que me acercó el libro.
Fuerte abrazo, J
Cê tá muito sério nesta foto, poeta! Os poemas? Já conheci, estão legais e sérios, só sinto falta do humor társico, com um copinho de chopp equilibrado na barriga. Abraços, Heitor
Olá Tarso...
Muito bom teus textos.
Visite meu blog e dê opinião
sobre os textos...
Abraço!
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